Coronavírus: “Idosos deixamos morrer”, diz enfermeiro italiano
Dante Baldi relatou como tem sido a dura rotina dele no maior hospital de Roma. Idosos não têm preferência para ocupar leitos
atualizado
Compartilhar notícia
O enfermeiro Dante Baldi, de 54 anos, relatou como tem sido difícil o dia a dia de trabalho na Policlínica Gemelli, maior hospital de Roma, durante a crise do coronavírus na Itália.
Em entrevista à revista ÉPOCA, ele afirmou que precisa escolher quem será enviado à UTI. Como não há leitos para todos os infectados, a ordem é dar preferência aos jovens, que têm mais perspectiva de vida.
“Se uma pessoa em estado grave é muito idosa, a gente deixa morrer. É preciso escolher, e não posso pegar vaga na UTI para alguém de 90 anos, com perspectiva de um ou dois anos de vida, e ignorar alguém de 60 anos, que tem perspectiva de 25. Todos os dias tenho visto isso”, explicou à reportagem.
Baldi contou que, nesta semana, um senhor de 86 morreu porque não havia “possibilidade de salvá-lo”. “A situação dos leitos de UTI está quase em colapso. Fechamos as salas operatórias e não há mais cirurgias que não sejam urgentes. Todas as salas estão virando UTIs.”
Para evitar o alastramento da doença, o enfermeiro ressaltou a importância de ficar em casa durante o período em que ainda há o contágio do vírus. “A coisa mais importante que os brasileiros precisam saber é que é preciso ficar em casa e não entrar em contato com os outros. Caso encontrem alguém, fiquem a 1 metro ou 2 de distância”, recomendou.