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Coronavírus: cidades correm para tentar evitar colapso funerário

Após enterros coletivos, Manaus pode ficar sem caixões para demais sepultamentos. Em Belém, o serviço de coleta de corpos demora até um dia

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EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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1 de 1 2b2e203d-0d74-4a53-9c84-39f06475dc15 - Foto: EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A intensa movimentação em cemitérios pelo Brasil tem sido um dos retratos dramáticos do avanço do novo coronavírus, que já matou 5.017 pessoas no país, segundo o último balanço do Ministério da Saúde. A maior tragédia humana segue sendo registrada em Manaus – a capital do Amazonas testemunhou enterros em vala comum, sepultamentos noturnos e, agora, está à beira enfrentar a falta de caixões. O medo do colapso funerário está levando várias unidades da Federação a adotar planos emergenciais.

Na capital amazonense, a prefeitura interrompeu, na terça (28/04), a medida emergencial de sepultar caixões empilhados, separados por uma tábua de compensado (imagem em destaque), depois de protestos desesperados das famílias dos mortos. Para ajudar a desafogar a fila de enterros – que saltaram de cerca de 30 por dia para quase 150 – o cemitério Nossa Senhora de Aparecida está fazendo sepultamentos noturnos, depois que o local fecha para o público.

A situação pode piorar entre esta quarta (29/04) e o fim da semana, porque há menos de 500 caixões nos depósitos da cidade. “É uma situação horrorosa, de colapso mesmo. Estou tentando uma negociação com o governo federal para mandar de avião um carregamento de urnas funerárias”, relata o presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), Lourival Panhozzi. “Temos cinco ou seis caminhões com urnas já a caminho, mas eles podem demorar mais do que a cidade pode esperar”, ressalta.

Panhozzi avalia que o Brasil conta, em geral, com serviços funerários estruturadas. Frisa ainda que a construção de covas em grandes quantidades em cidades como o Rio de Janeiro pode assustar, mas é uma medida destinada a garantir que as cenas de Manaus não se repitam.

“Em Belém, está preocupante o cenário”, alerta o presidente da Abredif. “Outras capitais que merecem atenção são Fortaleza e Recife, onde a gente espera aumento no número de mortos, e também no Rio, mas lá eles estão preparados”, pontua.

Mortos esperando em casa
Na capital paraense, segundo a Secretaria de Saúde do Estado, houve aumento de 116% no número de mortes fora de hospitais em abril comparado ao mesmo período do ano passado. Foram 525 óbitos por doenças ou causas naturais.

Com isso, a média de enterros triplicou e o serviço municipal de recolhimento de corpos não está dando conta de buscar os mortos em casa. Há relatos de famílias que esperam 24 horas pela remoção de um corpo para o Instituto Médico Legal (IML).

O Pará registra, até o momento, 2.319 casos confirmados e pelo menos 132 mortes em decorrência da Covid-19. No entanto, somente nesta semana a prefeitura de Belém determinou o fechamento do comércio não essencial como medida de isolamento social.

Sem escolher cemitério
As duas maiores metrópoles do país, que também lideram o ranking de mortos por coronavírus, ainda não correm o risco de colapso funerário. Mas segundo as autoridades, São Paulo e Rio de Janeiro estão tendo de tomar medidas drásticas.

São Paulo está adotando um plano de emergência que prevê a abertura de 13 mil covas e a contratação de oito câmaras frigoríficas para acomodar corpos. Caso o número de sepultamentos passe de 400 por dia no estado, serão adotados enterros noturnos – com isso, as famílias não poderão escolher o local dos túmulos.

A prefeitura vai decidir se o sepultamento será na Vila Formosa (Zona Leste), em São Luiz (Zona Sul) e ou na Vila Nova Cachoeirinha (Zona Norte). E apenas um ano após o enterro as famílias poderão pedir exumação e transferência para outro cemitério.

Já no Rio, as obras aceleradas em cemitérios como os de Inhaúma (foto abaixo), onde covas verticais estão sendo construídas, são uma preparação para o aumento do número de mortos que deve resultar do colapso na ocupação de leitos de UTI na capital fluminense.

Vista aérea das construções de novas gavetas verticais no cemitério de Inhaúma na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), na terça-feira (28/04)

DF sob controle
O Distrito Federal já registrou 28 mortes decorrentes de Covid-19. A empresa que administra os seis cemitérios do DF, a Campo da Esperança, informou que não há risco de colapso funerário.

No início de abril, o Metrópoles flagrou a abertura de dezenas de covas lado a lado no Cemitério de Taguatinga. Mas a Campo da Esperança assinalou que o serviço fazia parte da programação rotineira.

Apesar de não faltar túmulos, os sepultamentos no Distrito Federal foram fortemente afetados pela pandemia do novo coronavírus. O tempo está mais curto e os participantes agora se limitam a 10 – e todos devem usar máscara e manter distanciamento.

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