Câncer do colo do útero é a 4ª causa de mortes entre brasileiras
De acordo com o Icesp, 76,8% dos casos têm diagnóstico em estágios avançados, ou seja, com menores chances de cura e de sobrevivência
atualizado
Compartilhar notícia
O câncer de colo de útero é o terceiro tumor feminino mais frequente entre os cânceres e a quarta causa de morte por câncer no Brasil. Dados tão alarmantes devem-se especialmente à região Norte do país, que apresenta números semelhantes aos da África. Por exemplo, na cidade de Manaus, são 30 casos avançados com baixo nível de chances de cura em 100 mil mulheres. Índices tão altos levaram a realização da campanha janeiro verde, que alerta sobre o câncer de colo do útero no Brasil.
Segundo o oncologista Helio Pinczowski, do Hemomed Instituto de Oncologia e Hematologia, maior centro privado de atendimento ao câncer no país, com 10 mil atendimentos/mês, trata-se de uma doença que poderia ser prevenida de forma eficaz porque ela se desenvolve depois de muitos anos, com infecção persistente. “É possível detectá-la antes e evitar que se transforme em câncer”, enfatiza o médico.
De acordo com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), 76,8% dos casos têm diagnóstico em estágios avançados, ou seja, com menores chances de cura e de sobrevivência.
Para o oncologista, o simples exame periódico de Papanicolau a partir dos 25 anos poderia detectar precocemente a doença, mas a dificuldade de acesso ao exame pelo SUS e a falta de informação da população ainda são impeditivos bem como a baixa adesão às campanhas de vacinação contra o HPV promovidas pelo Ministério da Saúde.
“A prevenção primária do câncer deve ser feita com o uso de camisinha nas relações sexuais. Mas a prevenção mais efetiva está na vacinação contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Infelizmente, essas vacinas têm tido baixa adesão da população e as campanhas não obtiveram o índice de cobertura esperado pelo Ministério da Saúde”, explica o oncologista do Hemomed
A vacinação e a realização do exame preventivo Papanicolau se complementam como ações de prevenção contra esse tipo de câncer.
Diagnóstico precoce garante sobrevida
O diagnóstico precoce proporciona a possibilidade de 97,5% de chances de sobrevida. No entanto, no diagnóstico tardio, mesmo com o melhor tratamento, a chance de óbito é muito alta. “A recidiva é complicada, com muita dor, sangramento e comprometimento da função renal”, explica o oncologista.
O Papanicolau é o exame para detectar o câncer de colo do útero e deve ser realizado entre 25 e 64 anos mesmo para mulheres que tomaram a vacina, pois a mesma não garante imunização contra todos os tipos oncogênicos do HPV.