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Butantan é contra quebra de patentes de vacina e teme “retaliações”

Em audiência pública, presidente do instituto, Dimas Covas, diz que esta não é a melhor alternativa para que o Brasil consiga mais doses

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan
1 de 1 Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que é contra a quebra de patentes temporárias de vacinas e medicamentos contra Covid-19. A afirmação ocorreu durante participação do diretor em audiência pública no Senado Federal, realizada na manhã desta quinta-feira (8/4).

A quebra de patentes é alvo de projeto de lei pautado pelo Senado, como alternativa para a escassez de doses do imunizante contra o novo coronavírus disponíveis no mercado. A proposta estava prevista para ser votada nessa quarta (7/4), mas foi retirada de pauta após pedido do senador e líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE).

De acordo com Dimas Covas, não há benefícios na quebra de patentes que permita ao Brasil conseguir mais doses de imunizantes.

“Acredito que não, pelo contrário. Acho que a quebra de patentes seria um elemento que traria uma dificuldade adicional, por vários motivos”, disse.

Covas afirma que o Brasil ficaria “sujeito às retaliações” do mercado global. “Não seria uma forma oportuna e poderia trazer dificuldades para as próprias patentes nacionais, que existem”, enfatizou.

“Insuficiência industrial”

O presidente do Butatan argumenta que a dificuldade do país em conseguir mais doses não tem relação com a quebra ou não de patentes.

“Deficiência não decorre da questão patetaria, a deficiência decorre da insuficiência do ponto de vista industrial. Brasil não tem uma indústria de biotecnologia desenvolvida. Mesmo se ocorre quebra, não haveria como incorporar a produção de vacinas. Transferência de tecnologia seria fundamental”, defendeu aos senadores.

Dimas Covas diz que a melhor alternativa, hoje, é “rever a estrutura do setor industrial brasileiro”. “Não temos acompanhado os desenvolvimentos da biotecnologia no mundo. Somos um país retardatário”, criticou.

IFA

Covas negou que o Instituto Butantan tenha interrompido a produção de doses da Coronavac.

“Não estamos com a produção interrompida, processamos o IFA [ingrediente farmacêutico ativo] que estava aqui e nesse momento estamos processando as vacinas”.

Em nota divulgada na noite de quarta-feira (7/4), o instituto também nega a paralisação, mas diz que todas as doses provenientes do IFA já foram envasadas e que aguarda uma nova remessa.

“Neste momento, cerca de 2,5 milhões de vacinas encontram-se em processo de inspeção de controle de qualidade”, diz a nota. O órgão alega que essa fase faz parte do processo produtivo, e isso não significaria “interrupção” – na prática, contudo, sem IFA, o processo de novos envases parou.

O Butantan afirmou que a matéria-prima deve chegar na próxima semana, mas não deu uma data específica.

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