Anticoncepcionais podem ajudar a prevenir câncer no endométrio
Contraceptivos orais combinados também são aliados no controle da endometriose e da síndrome de ovários policísticos
atualizado
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Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), apesar de pouco conhecido, o número de novos casos do câncer de endométrio no Brasil em 2014 foi de 5.900 a cada 100 mil mulheres. A doença, que é muitas vezes assintomática, costuma ser descoberta durante exames de rotina. Para Isabela Barboza, ginecologista da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, um dos fatores que têm contribuído para a diminuição desse tipo de câncer é algo comum na vida de muitas mulheres: a pílula anticoncepcional.
“Os contraceptivos orais combinados são grandes aliados no controle de doenças, como a síndrome de ovários policísticos, a endometriose e o próprio câncer de endométrio”, afirma a especialista. Um recente artigo publicado na revista científica “The Lancet”, demonstrou que nos últimos 50 anos, cerca de 400 mil casos de câncer de endométrio antes dos 75 anos foram evitados nos países desenvolvidos devido ao uso de contraceptivos orais.
O uso da pílula anticoncepcional, no entanto, exige cuidados. É preciso sempre consultar um especialista. “Assim como qualquer medicamento, o uso das pílulas anticoncepcionais exige avaliação médica, pois algumas mulheres têm contraindicações”, lembra Isabela.
O endométrio
Mas afinal, você sabe qual é a função do endométrio? Isabela explica que ele tem um papel fundamental para a saúde e a fertilidade da mulher. O endométrio é a camada interna do útero, responsável pelo alojamento do embrião após a fecundação. É importante lembrar que ele atua em resposta a hormônios, dentre eles o estrogênio, que é o responsável pelas características femininas e, por isso, começa a ser mais encontrado no organismo da mulher após a primeira menstruação.
Quando em excesso no organismo, o estrogênio pode causar o câncer endometrial. Isso acontece porque quanto mais a mulher tiver contato com o hormônio, sem a devida oposição com a progesterona, mais as células cancerígenas podem se propagar no endométrio e maior a chance de se ter a doença. Um exemplo bem comum são as meninas que menstruam cedo e, consequentemente, entram na menopausa mais jovens.
Sintomas
Um dos sintomas mais comuns que podem indicar o câncer de endométrio é o sangramento atípico, principalmente na pós-menopausa. “Ter sangramentos ou corrimentos com presença de sangue fora do período menstrual não é normal. As mulheres que já passaram pela menopausa devem se atentar ainda mais a isso. Um médico deve ser procurado nestes casos”, afirma a médica. Sensação de peso e dores na pélvis também são um sinal de alerta
O tratamento do câncer de endométrio depende do tipo do tumor e do estágio do câncer. Em alguns casos, é necessário fazer uma histerectomia, cirurgia de retirada do útero. Porém, boa parte das mulheres que sofre com a doença consegue fazer outros tratamentos, como a quimioterapia, ou a retirada do tumor que, hoje em dia, pode ser feita por procedimentos minimamente invasivos, como a cirurgia robótica.