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Além de fazerem mal à saúde, ultraprocessados aumentam uso de água

Estudo inédito da USP analisou, pela primeira vez em âmbito nacional, o impacto ambiental do consumo de ultraprocessados

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Mok Jee Chuang/EyeEm – Getty Images
carrinho de supermercado em corredor com salgadinhos
1 de 1 carrinho de supermercado em corredor com salgadinhos - Foto: Mok Jee Chuang/EyeEm – Getty Images

O consumo de alimentos ultraprocessados aumenta o uso de água para produção e consumo de mantimentos, conhecido como pegada hídrica. Em estudo inédito publicado nesta sexta-feira (18/2), pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Deakin, na Austrália, traçaram pela primeira vez esta correlação por meio de dados nacionais.

“A elevação da ingestão calórica da dieta promovida pelo consumo de ultraprocessados no Brasil resultou em aumento da pegada hídrica”, explica a professora Josefa Garzillo.

A análise apontou que o consumo de ultraprocessados não altera, de maneira considerável, a emissão de carbono. O estudo utilizou os coeficientes de emissão de gases do efeito estufa e a quantidade gasta de água para produzir cada alimento ou preparação culinária.

Dessa forma, foi possível criar uma relação capaz de detalhar ainda mais o impacto ambiental desses produtos. Entre os ultraprocessados analisados pelo grupo estão doces, salgadinhos, refrigerantes, molhos, pães embalados produzidos em massa, bebidas lácteas, entre outros.

O estudo utilizou a NOVA classificação de alimentos, que divide as refeições em quatro grupos: alimentos in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e alimentos ultraprocessados.

As relações foram montadas a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares, feita entre 2008 e 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa contém uma análise do consumo alimentar da população brasileira com 10 anos ou mais.

Josefa destaca que a conservação dos mananciais de água doce é essencial para a segurança hídrica e alimentar das populações humanas. Por isso, deve-se buscar eficiência no manejo do recurso. O resultado do estudo, então, pode auxiliar o direcionamento de políticas públicas mais eficientes.

“Identificar um maior consumo de água pelo consumo de alimentos ultraprocessados – que sabidamente degradam a qualidade nutricional da dieta – significa identificar um hotspot para reduzir a pegada hídrica da dieta, melhorando o resultado nutricional e ambiental simultaneamente”, esclarece.

Não recomendados pelo Ministério da Saúde

O Guia Alimentar para a População Brasileira, formulado pelo Ministério da Saúde em 2014, recomenda que os indivíduos evitem a ingestão desta categoria, e assim a define:

Alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais atraentes)

Os ultraprocessados não são recomendados pois possuem composição nutricional desbalançeada, favorecem o consumo excessivo de calorias e tendem a impactar negativamente a cultura, a vida social e o ambiente.

Para maior conservação, são utilizados aditivos capazes de “comprometer os mecanismos que sinalizam a saciedade e controlam o apetite, favorecendo, assim, o consumo involuntário de calorias e aumentando o risco de obesidade”, explica o guia.

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