Aids: em mês simbólico, governo não ilumina Planalto de vermelho
Congresso e ministérios estão iluminados em homenagem à iniciativa, que é prevista em lei, mas palácio presidencial não ganhou cor nova
atualizado
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O Palácio do Planalto ficou rosa em outubro para lembrar da prevenção ao câncer de mama e azul em novembro, para estimular o combate aos tumores de próstata. Em dezembro, contudo, não está vermelho para a campanha de prevenção ao HIV/Aids. Iniciada no último dia 1º, que é o dia mundial de luta contra a Aids, a campanha só iluminou, na região central da capital federal, as duas Casas do Congresso Nacional e uma parte dos ministérios, incluindo o da Saúde. Além da sede do poder Executivo no Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) não se iluminou de vermelho.
O local de trabalho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), aliás, não havia “saído de novembro” até a noite da última terça-feira (03/12/2019) e permanecia azulado – a iluminação especial é feita com a colocação de plásticos coloridos em cima dos refletores que iluminam normalmente os monumentos.
O Metrópoles entrou em contato com a assessoria de comunicação da Presidência e da Secretaria-Geral da Presidência, mas não recebeu retornos até a publicação desta reportagem para saber se o governo optou por não deixar o palácio vermelho por questões ideológicas, já que a cor é símbolo de partidos de esquerda, como o PT, e de regimes socialistas e comunistas, constantemente criticados pelo presidente da República.
A cor também é adotada nas campanhas de prevenção à Aids desde a década de 1990, quando a mobilização passou a ser simbolizada por uma fita vermelha dobrada em cima de si mesma.
O Dezembro Vermelho enquanto campanha é mais recente, mas o Palácio do Planalto já foi iluminado em vermelho em anos anteriores. A postagem abaixo, na conta oficial da presidência da República, é de dezembro de 2017, primeiro ano da gestão de Michel Temer (MDB) como chefe do Executivo.
Em referência ao #DezembroVermelho, prédios públicos por todo o País são iluminados. A campanha mobiliza ações de conscientização sobre prevenção ao HIV/Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis durante todo o mês. https://t.co/31xBOY4mvt #juntosfazemos pic.twitter.com/I2Rw4P2tIY
— Planalto (@planalto) December 15, 2017
Vermelho por lei
Desde novembro de 2017, o Dezembro Vermelho é instituído por uma Lei Federal, a Lei 13.504, sancionada pelo então presidente Michel Temer (MDB). O texto “institui a campanha nacional de prevenção ao HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis” e prevê, entre ações como a promoção de palestras e atividades educativas, a “iluminação de prédios públicos com luzes de cor vermelha”.
Não há, porém, penalidades previstas na lei para prédios que a desobedecerem e não se iluminarem de vermelho.
A ausência da cor da campanha no Palácio do Planalto não significa que o governo federal a ignorou completamente. Além de estar iluminado em vermelho, o Ministério da Saúde instalou em frente ao prédio um cartaz com a campanha deste ano, que incentiva o cidadão a fazer o teste que detecta a presença do vírus HIV (imagem abaixo). Mesmo nisso, contudo, há um detalhe que remete aos novos tempos: o laço não é todo vermelho – a parte de baixo acaba com pinceladas de verde e amarelo.
A campanha também é divulgada em um site especial, mas não está em destaque no portal da pasta.
A campanha governamental também tem um vídeo que está sendo divulgado nas redes sociais. Veja: