Aborto legal salva vidas, diz assistente social Irotilde Gonçalves
Ela fez parte da primeira equipe formada na rede pública de saúde para auxiliar mulheres em casos de interrupção de gravidez prevista em lei
atualizado
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Irotilde Gonçalves, 70 anos, é assistente social no Hospital Municipal Arthur Ribeiro de Saboya, em Jabaquara, zona sul de São Paulo. Ela é a responsável por encaminhar ao atendimento vítimas de estupro que optam por abortar nos casos previstos pelo Código Penal Brasileiro: situações de estupro, risco para a mãe ou feto incompatível com a vida.
Em entrevista à BBC, ela relatou como lida com essa realidade. A reportagem cita números da Pesquisa Nacional do Aborto 2016. Dados do estudo apontam que, até os 40 anos, pelo menos uma em cada cinco das mulheres brasileiras já fez um aborto.
Irotilde contesta as estatísticas oficiais. “Tem um milhão de abortos no Brasil, e… quem morreu? Quem conseguiu fazer um aborto com segurança, mas pagando caro? Essa estatística não reflete a realidade, que é muito pior. E as clínicas particulares? E as clandestinas?”, disse à BBC.
Ela estava na primeira equipe de atendimento de aborto legal, criada em 1989, pela então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina.
Mandavam-me cartas anônimas, livros falando que o aborto era crime, jogavam ovos na minha casa. Já me chamaram de aborteira e de assassina
A assistente tem 70 anos e segue a religião Católica, sem qualquer conflito entre a crença e a atividade profissional. “Ao contrário do que pensa o senso comum, meu trabalho salva vidas”, afirmou à reportagem.
“Acompanho esse serviço em todo o país e nunca ninguém morreu, ao contrário das mulheres que têm uma gravidez indesejada e se colocam em risco. Sabemos que quando perdemos uma mulher, toda a sociedade perde, uma família perde e, normalmente, ela deixa filhos”, diz, em um trecho da entrevista.
A reportagem completa pode ser lida aqui.