Sargento acusado de tortura e estupro na “Casa da Morte” vira réu
De acordo com processo, militar teria mantido em cárcere privado e estuprado Inês Etienne Romeu, na região serrana do Rio, em 1971
atualizado
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Rio de Janeiro – Por maioria de votos, desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) confirmaram, na última quinta-feira (25/2), decisão que torna réu o sargento Antonio Waneir Pinheiro Lima, acusado de sequestrar, manter em cárcere privado e estuprar Inês Etienne Romeu, em 1971, durante a ditadura militar (1964 – 1985).
Militante da organização VAR-Palmares, que lutava contra a ditadura e falecida em 2015, Inês é reconhecida como a única sobrevivente da chamada “Casa da Morte”, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. O local era um centro clandestino de detenção mantido pelos órgãos de repressão do regime.
Os magistrados negaram recurso apresentado pela defesa do militar contra decisão da Corte, que já havia recebido denúncia do Ministério Público apresentada em 2018.
De acordo com o processo, Inês foi levada à força e mantida por seis meses na “Casa da Morte”, até ser transferida, em novembro de 1971, para o Presídio Talavera Bruce, zona oeste, onde permaneceu até 1979, quando foi solta.
No primeiro julgamento que recebeu a denúncia contra o agora réu, realizado em agosto de 2019, a desembargadora federal Simone Schreiber, que apresentou o voto vencedor naquela sessão, entendeu pela existência de indícios suficientes de autoria e materialidade dos fatos. Agora, a Justiça Federal de Petrópolis irá julgar o mérito do caso.