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São Paulo registra falta de oxigênio em UPA pela primeira vez

Segundo Prefeitura, dez pacientes foram transferidos por falta de oxigênio; empresa nega desabastecimento e reclama de improvisos do governo

atualizado

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Fotos Hugo Barreto/Metrópoles
cilindros de oxigênio
1 de 1 cilindros de oxigênio - Foto: Fotos Hugo Barreto/Metrópoles

São Paulo – Dez pacientes com Covid-19 da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Ermelino Matarazzo, na zona Leste de São Paulo, capital, tiveram que ser transferidos para o Hospital de Itaquera por falta de oxigênio.

Segundo profissionais da unidade de saúde do Hospital de Itaquera ouvidos pelo Metrópoles, os pacientes chegaram durante a troca de plantão e estão todos em estado grave.


Também na zona leste, o Hospital João 23, que fica na Mooca, chegou a ter apenas uma hora de reserva de oxigênio, mas a unidade conseguiu ser abastecida.

À imprensa , o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, diz que não há falta de insumos e que a situação aconteceu por conta de falta de fornecimento pela empresa White Martins.

“Nós temos estoque, mas há um novo ritmo de demanda. Abastecíamos as UPAs com oxigênio uma vez por semana. Hoje o fornecedor da prefeitura vai três vezes por dia e não dá conta”, disse Aparecido à rádio Bandeirantes.

A assessoria da empresa White Martins afirmou ao Metrópoles que as declarações de Aparecido sobre “falta de fornecimento” na UPA Ermelino Matarazzo não procedem.

“A White Martins informa que não faltou oxigênio para a UPA Ermelino Matarazzo. No dia 19 de março, a UPA consumiu todo o produto do tanque de oxigênio e o sistema iniciou automaticamente o uso da central reserva de cilindros. Durante o uso do suprimento secundário, o suprimento primário foi abastecido, não ocorrendo falta de produto”, disse a empresa em nota (leia na íntegra ao fim da reportagem).

Ainda segundo a empresa, “a transformação de unidades de pronto atendimento em unidades de internação para pacientes com Covid-19 sem planejamento” tem criado riscos.

“Muitas unidades não possuem redes centralizadas com a dimensão adequada para expansão do consumo. Essas condições interferem na pressão necessária para alimentar os ventiladores, o que leva à percepção equivocada de que há falta de gás.”

A White Martins afirma que já informou a Prefeitura sobre o problema e que também pediu formalmente à UPA Ermelino Matarazzo para informar aumento na demanda, mas, “até o momento, a White Martins não recebeu nenhum retorno desta unidade sobre a previsão de demanda ou necessidades de acréscimo no consumo de oxigênio mesmo diante do cenário acima narrado.”

Situação normalizada na manhã deste sábado

Segundo a Prefeitura Municipal de São Paulo, a situação de oxigênio nas unidades da zona leste já foi normalizada. O órgão também informa que houve um crescimento da demanda de 121% no gás.

A média de consumo de oxigênio hospitalar em janeiro era de 55 mil metros cúbicos por dia; em março, esse consumo saltou para 178 mil por dia.

Nota da White Martins

A White Martins informa que não faltou oxigênio para a UPA Ermelino Matarazzo, mesmo com o consumo do produto na unidade tendo aumentado de forma exponencial (16 vezes), saindo de 89 metros cúbicos por dia em dezembro de 2020 para 1.453 metros cúbicos por dia no dia 18 de março. O sistema de abastecimento de oxigênio na unidade funcionou para que o produto continuasse sendo fornecido ininterruptamente, conforme as normas vigentes no país (NBR-12188 da ABNT e RDC 50 da Anvisa). No dia 19 de março de 2021, a UPA consumiu todo o produto do tanque de oxigênio (suprimento primário) e o sistema iniciou automaticamente o uso da central reserva de cilindros (suprimento secundário). Esta central reserva (dotada de duas baterias independentes de cilindros) entrou em operação como estabelece a referida norma. Durante o uso do suprimento secundário, o suprimento primário (tanque) foi abastecido, não ocorrendo falta de produto.

A rede interna de distribuição do oxigênio para uso terapêutico é de responsabilidade dos estabelecimentos assistenciais de saúde e a White Martins tem alertado exaustivamente seus clientes sobre os riscos envolvidos na transformação de unidades de pronto atendimento em unidades de internação para pacientes com Covid-19 sem um planejamento adequado. Muitas unidades não possuem redes centralizadas com a dimensão adequada para expansão do consumo, agravando demasiadamente a condição de fornecimento de gás para suportar ventiladores, inaladores e outras práticas terapêuticas. Essas condições interferem na pressão necessária para alimentar os ventiladores utilizados em pacientes críticos, o que leva à percepção equivocada de que há falta de gás.

Vale reforçar que esta adaptação de unidades de pronto atendimento só deve ser realizada depois de um estudo de viabilidade, a fim de permitir a adequação da infraestrutura, a avaliação da acessibilidade dos veículos de transporte e, consequentemente, a garantia e a confiabilidade para entrega, armazenamento e uso de um produto essencial como o oxigênio.

No caso específico desta UPA, a unidade já foi notificada formalmente sobre a necessidade de informar previamente qualquer incremento de consumo do produto à fornecedora, visando que a mesma pudesse avaliar e adequar seus equipamentos instalados (tanque e cilindros) e malha logística. Até o momento, a White Martins não recebeu nenhum retorno desta unidade sobre a previsão de demanda ou necessidades de acréscimo no consumo de oxigênio mesmo diante do cenário acima narrado.

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