São Paulo pode ficar sem leitos de UTI até segunda, diz infectologista
As novas medidas de restrição para conter a Covid no estado serão impostas, também, a partir de segunda-feira (15/3)
atualizado
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A previsão é que não haja mais leitos de UTI disponíveis no estado de São Paulo a partir de segunda-feira (15/3), data em que entrará em fase emergencial de restrições.
As novas medidas para contenção do novo coronavírus devem culminar até 28 de março e incluem a suspensão de campeonatos esportivos e cultos. Além disso, as aulas presenciais foram suspensas pelo governo.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, dos 105 municípios de São Paulo 49% estão com 100% dos leitos de UTI ocupados. Em âmbito geral do estado, foram ocupadas 89,4% das unidades.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o médico infectologista Marcos Boulos, do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, explicou que não havia maneira de a pandemia ter sido evitada, mas o colapso no sistema de saúde, sim. Além disso, ele defende que as restrições deveriam ser compulsórias por, pelo menos, 30 dias, para que sejam mais efetivas.
“Alertamos no centro de contingência que eram necessárias medidas mais rígidas, já que as pessoas não estavam entendendo o que estava acontecendo. Estávamos esperando um caos no atendimento para UTI em meados de fevereiro com pessoas mais jovens. Estamos a três ou quatro dias de acabar todos os leitos no estado e as pessoas vão morrer por falta de assistência médica”, alertou.
Escolher quem salvar
Em outro momento, Boulos declarou que, em alguns hospitais, os profissionais de saúde chegaram ao ponto de ter que “escolher” quem salvar.
“A gente brinca de Deus. Esse aqui tem alguma chance, vamos colocar na UTI, esse não tem, deixa fora da UTI. Isso leva não só a uma questão ética muito grave como a depressão profunda no pessoal da saúde que faz o atendimento”, lamentou o médico.
Ao falar sobre uma possível melhora no sistema de saúde, o infectologista declarou que “provavelmente, no final de abril haverá um nível de vacinados que possa fazer com que a curva comece a decrescer”. Mas, além disso, sugere que apenas no fim do ano a vacinação poderá atingir a “imunidade de rebanho”.