Assessor que usou cota em Uber para ir a casa de strip ganha R$ 22 mil
Após caso ser revelado pelo Metrópoles, o assessor do deputado federal Filipe Barros (PL-PR), Bruno Cardoso, afirmou que pediu demissão
atualizado
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O chefe de gabinete do deputado federal Filipe Barros (PL-PR), Bruno Cardoso Araújo, que solicitou à Câmara dos Deputados o reembolso de corridas de Uber para visitar uma casa de entretenimento adulto em Londrina (PR), recebe salário bruto de R$ 22.362,12 pela função que exerce na Casa Baixa.
O Manhattan Bar, conhecido por oferecer apresentações de striptease e atrações voltadas ao público masculino, foi visitado pelo funcionário na madrugada de 6 de março deste ano.
O Metrópoles teve acesso à nota fiscal que comprova a partida do funcionário da casa noturna em um carro por aplicativo. Questionado pela reportagem, ele ainda informou ter usado recursos da cota parlamentar para ida ao local.
O valor de ambas as viagens foi coberto com recursos da cota parlamentar, destinada exclusivamente a despesas relacionadas ao exercício da atividade parlamentar.
Documentos obtidos pelo Metrópoles indicam que, na data em questão, o deputado Filipe Barros estava em missão oficial em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde participava de um fórum relacionado ao bloco dos Brics.
Em sua ausência, Araújo, responsável pelo gabinete do parlamentar, estava hospedado em um hotel em Londrina, de onde partiu a corrida até o Manhattan Bar. A viagem teria ocorrido nos primeiros minutos da madrugada, e o retorno ao hotel foi registrado às 4h46, totalizando uma viagem de cerca de 3,7 km.
Nas redes sociais, o Manhattan Bar frequentemente divulga eventos e shows com modelos, além de exibir imagens de seu ambiente interno, que inclui passarelas e pole dances. Para a noite entre os dias 5 e 6 de março, o local havia promovido em banner publicitário um convite aos clientes descrito da seguinte forma: “Shows inesquecíveis com lindas modelos”. No destaque, havia a imagem de uma mulher em trajes sensuais.
O que diz o assessor
Em nota enviada ao Metrópoles, Bruno afirmou que já tomou providências para devolver o valor reembolsado e que está se desligando de seu cargo no gabinete de Filipe Barros. Em sua defesa, o chefe de gabinete alegou que a corrida foi realizada fora do horário de expediente e que a solicitação de reembolso foi um “ato falho”.
“Na referida ocasião, estive em Londrina a trabalho. Porém, fora do horário de expediente, utilizei o aplicativo de transporte em questão e, por ato falho, acabei solicitando o reembolso – motivo pelo qual expresso minhas escusas”, afirmou.
Em nota, a assessoria de Filipe Barros informou que ele “determinou, de imediato, a restituição dos valores e também a exoneração do servidor em questão”.
Veja a nota na íntegra:
“O deputado Filipe Barros estava fora do Brasil, participando de missão oficial, quando o episódio ocorreu.
Por não compactuar de forma alguma com a situação, Filipe Barros determinou, de imediato, a restituição dos valores e também a exoneração do servidor em questão – que, pela gravidade dos fatos, de antemão já havia colocado seu cargo à disposição do parlamentar.”
O que diz a Câmara
A Câmara dos Deputados informou que “a área técnica responsável pelo processamento da cota para o Exercício da Atividade Parlamentar verifica apenas a autenticidade dos documentos fiscais apresentados, a compatibilidade do gasto com o que está previsto nas normas da cota e os limites de saldo para reembolso. No caso de viagens de Uber ou de táxi, além dos dados citados acima, os técnicos verificam quem fez uso do serviço, se foi o próprio parlamentar ou se alguém da sua assessoria.”