Saiba quem são os quatro presos pela morte de dono de cartório em GO
O Metrópoles teve acesso ao inquérito policial que investiga o crime praticado em Rubiataba, no centro goiano. Outro suspeito está foragido
atualizado
Compartilhar notícia
Goiânia – Um dos quatro presos pela morte do dono de cartório em Rubiataba, na região central de Goiás, a 210 km de Goiânia, o suspeito de ser o atirador disse à polícia que é ligado a criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado. Segundo a investigação, o crime foi praticado a mando da viúva do cartorário, morto com 17 tiros após ter as mãos algemadas.
As informações constam do inquérito da Polícia Civil de Goiás, ao qual o Metrópoles teve acesso com exclusividade e que apura o crime praticado contra Luiz Fernando Alves Chaves, de 40 anos. O corpo dele foi encontrado em um canavial, na madrugada da última quarta-feira (29/12), por volta das 4h30, na zona rural de Rubiataba. Os suspeitos foram presos, em flagrante, e tiveram a prisão convertida em preventiva.
Os presos
A seguir, veja a relação dos presos investigados por envolvimento na associação criminosa que resultou na morte do cartorário.
- Alyssa Martins de Carvalho, de 32 anos: viúva do dono do cartório, é investigada por ser mandante do crime. Tem três filhos com Luiz Fernando, com quem se casou em 22 de julho de 2013. Ela trabalhava no cartório como escrevente substituta. A família vivia em Rubiataba.
- André Luiz Silva, de 30 anos: dono de garagens de veículos em Anápolis e Campo Limpo de Goiás, onde mora há sete meses, é agiota e investigado por recrutar comparsas para roubar a camionete Toyota SW-4 branca do dono do cartório e matá-lo.
- Edvan Batista Pereira, de 23 anos: ligado a criminosos do PCC em Goiás, é investigado por ser autor dos 17 disparos contra o cartorário. Ele, que mora em Pirenópolis (GO), disse à polícia que conheceu André no presídio de Anápolis e que aceitou a proposta dele para quitar uma dívida de R$ 2,5 mil, além de receber mais R$ 2,5 mil. Outros R$ 5 mil deveriam ser repassados a outro comparsa.
- Laurindo Lucas Gouveia dos Santos, de 21 anos: Também é morador de Pirenópolis (GO) e disse à polícia que se envolveu no crime após receber mensagem por WhatsApp e ligação de Edvan para levá-lo de carro até Rubiataba e deixá-lo na cidade. No entanto, afirmou que, no percurso, foi surpreendido pela informação de que teria de participar do roubo e do assassinato.
“Chefe”
A equipe de investigação ainda procura Luzimar Francisco Neves, que é citado pelos presos como “Chefe” e investigado por supostamente iniciar a rede de contatos da associação criminosa, a mando da viúva. Ele tem mandado de prisão temporária em aberto.
O suposto atirador, de acordo com o inquérito policial, disse que “comete crimes na companhia de criminosos ligados ao ADE (Amigos do Estado) e ao PCC na cidade de Anápolis, onde esteve preso neste ano. No interrogatório, ele afirmou ter sido detido por roubo, receptação e porte ilegal de arma de fogo.
Edivan confirmou ter conhecido André no presídio de Anápolis, onde fez vários empréstimos de dinheiro que, no total, somaram R$ 2,5 mil. O suposto atirador disse que, no dia 28 de dezembro, por volta das 10h, recebeu telefonema do garageiro, com quem combinou o roubo de um veículo, para quitar a dívida com ele, de quem, conforme acrescentou, ganhou uma pistola para matar o cartorário.
Após sair de Pirenópolis com Laurindo Lucas em um carro Fiat Uno, de acordo com o inquérito, Edivan passou na casa de André, em Campo Limpo de Goiás. Segundo o interrogatório, o garageiro também transferiu o valor do combustível por PIX.
Encontro
Em sua casa, André disse aos dois comparsas que deveriam se encontrar com o “Chefe”, que tinha contato direto com a mulher do cartorário, na cidade de Rubiataba, onde chegaram por volta das 17h30. No encontro, realizado na rua principal da cidade, o interlocutor da viúva contou à dupla que não se tratava de roubo de veículo, mas de homicídio, segundo informações colhidas pela polícia.
De acordo com o interrogatório, durante o encontro, o “Chefe” explicou aos comparsas que o crime havia sido encomendado pela esposa do dono do cartório, que, conforme acrescentaram, forneceu todas as informações necessárias sobre a rotina dele e o horário em que deveriam invadir a residência.
No momento em que Edvan e Laurindo invadiram a residência, por volta das 19h30, a escrevente de cartório estava com os três filhos na igreja. Na delegacia, os dois disseram ter se deparado com o cartorário sozinho no local e o algemaram, assim que anunciaram o assalto, mesmo ele pedindo, desesperadamente, para não ser morto. A algema de plástico teria sido comprada pelo “Chefe”.
17 tiros
Em seguida, de acordo com o inquérito, Laurindo dirigiu a camionete roubada, com Edvan e o dono do cartório no banco traseiro, e seguiu até um canavial na zona rural de Rubiataba, onde o atirador efetuou os 17 disparos de arma de fogo contra a vítima. A informação sobre a quantidade de tiros também consta de relato colhido pela investigação.
Depois, Edvan e Laurindo retornaram para o veículo roubado e se deslocaram rumo à cidade de Ceres, onde encontrariam o “Chefe”, a 44 km de Rubiataba. No entanto, eles passaram a ser perseguidos pela polícia e foram presos na vizinha Uruana.
Edvan, Laurindo e André estão presos na unidade prisional de Rubiataba. A viúva do dono do cartório está no presídio de Barro Alto de Goiás.
O valor do seguro de vida do cartorário, o que teria motivado o crime, conforme uma das linhas de investigação, não foi divulgado no inquérito do caso.
O Metrópoles não encontrou o contato das defesas dos suspeitos, mas o espaço segue aberto para manifestações.