Saiba por que 15 girafas estão sob “tortura psicológica” em zoo no RJ
Acusação é do Fórum Nacional de Proteção e Defesa do Animal; bichos estão desde novembro de 2021 confinados em resort de Mangaratiba
atualizado
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Rio de Janeiro – As girafas compradas no fim do ano passado pelo BioParque do Rio e mantidas inadequadamente em resort de Mangaratiba, no litoral sul, seguem em risco por serem constantemente “submetidas a tortura psicológica”, segundo acusação.
De acordo com a advogada Ana Paula Vasconcelos, do Fórum Nacional de Proteção e Defesa do Animal, apesar da determinação judicial de janeiro, para adaptação do espaço em que as quinze girafas vivem, a empresa do Grupo Cataratas não cumpriu o que foi pedido pela Justiça.
“Hoje, elas têm acesso a uma área de aproximadamente 900m², porém não está claro quantas horas por dia elas ficam nessa área maior e como é feito esse rodízio. Então, elas continuam confinadas e sem atender às determinações legais, que prevêem um espaço mínimo de 600m² para cada duas girafas”, afirma Vasconcelos.
Ainda segundo a advogada, as girafas, de vida selvagem, são submetidas diariamente ao estresse do confinamento e sofrem tortura psicológica. “A vida delas não mudou [de janeiro para cá]. Eles tentam domá-las esse tempo todo, mas são animais selvagens, que não estão, de forma alguma, acostumados a lidar com humanos”, aponta.
Determinação judicial
No dia 27 de janeiro, a juíza Neusa Regina Larsen de Alvarenga Leite, da 7ª Vara da Fazenda Pública, determinou que o BioParque teria 48 horas para começar obras de adequação do espaço para os animais e 30 dias para a finalização.
À época, a juíza afirmou: “De fato, as girafas não possuem local adequado para a sua permanência, impondo a realização das obras necessárias, com início em 48 horas a contar da intimação desta decisão e término em até 30 dias. Trata-se de vida, cujo ser não pediu para ser tirado de seu habitat para ser colocado em condições inapropriadas e degradantes”.
Como, na visão do Fórum, a decisão não foi cumprida e os animais seguem sob risco de vida, um pedido de habeas corpus foi agora impetrado na 10ª Vara Federal, onde o processo judicial já está em curso.
“Nós entendemos que a liberdade delas está sendo indevidamente cerceada. O direito delas está sendo violado. Então, pedimos a liberdade delas e que nos deem um prazo para indicar um local para serem levadas”, afirma Vasconcelos.
Girafas importadas da África
Dezoito girafas foram importadas da África do Sul para o Brasil pelo Bioparque do Rio em novembro de 2021, com aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Em dezembro, no entanto, três delas morreram no local onde estavam para cumprir uma quarentena obrigatória, no resort Portobello & Safari, em Mangaratiba, no litoral sul do Rio. De acordo com o BioParque, o espaço teria fechado uma parceria técnica para “pesquisa, conservação e manejo” dos bichos.
A partir da morte, um ambientalista denunciou maus-tratos aos animais, sob alegação de que estariam confinados em baias pequenas e com limpeza precária, além de não terem acesso à luz do sol.
Em nota ao Metrópoles, o BioParque do Rio afirmou que “reitera a responsabilidade com as girafas e com o programa de conservação e informa que repudia qualquer caluniosa ilação sobre a prática de maus-tratos aos animais”.
Segundo o parque, as girafas estão “bem e evoluindo positivamente a cada dia” e confirmou a informação de que elas têm acesso a um ambiente de “60 a 900 metros quadrados, com progressão de acordo com o comportamento de cada indivíduo”.
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