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Saiba como evitar a febre maculosa, doença que matou dois PMs no Rio

Especialista da Fiocruz alerta que depois de mosquitos, carrapatos são os principais transmissores de doenças

atualizado

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CDC / Dr. Christopher Paddock / James Gathany
Carrapato-estrela é o responsável por transmitir a febre maculosa
1 de 1 Carrapato-estrela é o responsável por transmitir a febre maculosa - Foto: CDC / Dr. Christopher Paddock / James Gathany

Rio de Janeiro – Três anos após o último caso confirmado de febre maculosa no Rio, a capital fluminense voltou a registrar notificações da doença, com a morte do cabo policial militar Mario César Coutinho do Amaral.

O PM foi contaminado pela doença durante treinamento dos fuzileiros navais, realizado no Batalhão Tonelero, que fica em uma área de mata em Campo Grande, na zona oeste da cidade.

Além do caso confirmado do cabo, há suspeita de que outro agente que estava no curso, o sargento Carlos Eduardo da Silva, tenha sido vítima de febre maculosa. A causa da morte será confirmada com o resultado do exame laboratorial.

Segundo a chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz, Elba Lemos, apesar dos óbitos recentes, não há motivo para pânico.

Especialista do departamento de referência junto ao Ministério da Saúde (MS) em relação à febre maculosa, Lemos diz que a doença, transmitida por um carrapato, é mais comum em áreas rurais e que não há riscos de disseminação em centros urbanos.

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Sargento Carlos Eduardo da Silva, segundo caso de morte por suspeita de  febre maculosa em curso da PM
Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)
Febre maculosa é transmitida principalmente pelo carrapato-estrela
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Cabo Mario César Coutinho do Amaral morreu de febre maculosa

Reprodução rede social
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Sargento Carlos Eduardo da Silva, segundo caso de morte por suspeita de febre maculosa em curso da PM

Reprodução
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Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)

Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz
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Febre maculosa é transmitida principalmente pelo carrapato-estrela

CDC / Dr. Christopher Paddock / James Gathany

“Depois dos mosquitos, os carrapatos são os maiores transmissores de doenças. No entanto, os mais comuns nas cidades são aqueles que encontramos nos cachorros, que são os vermelhinhos, que sobem as paredes e não oferecem esse risco”, explica.

Os que têm potencial ofensivo, de acordo com ela, são os carrapatos de espécies encontradas em áreas rurais, como o carrapato-estrela, especialmente onde há concentração do parasita, no período de maio a outubro.

A especialista esclarece que é importante manter a vigilância em áreas rurais a fim de identificar a presença de carrapatos em animais, como cachorros, cavalos e capivaras, fundamentais para o ciclo de transmissão da doença.

“Esses animais são amplificadores. Numa viagem a uma zona rural, por exemplo, o pet pode ser parasitado por um carrapato e transportá-lo para a área urbana, facilitando o contato com o humano”, diz.

Casos foram notificados como Covid e dengue

A preocupação, segundo a chefe do laboratório, é que a prevenção seja negligenciada em função de os sintomas da doença serem os mesmos de outras enfermidades, como as arboviroses (dengue, zika e chikungunya) e até a Covid-19.

“Casos suspeitos neste momento de pandemia, por exemplo, estão sendo diagnosticados como infecção pelo coronavírus. A Covid não ocupa todos os espaços. É preciso atentar para as outras doenças e para os históricos dos pacientes. Um caso de visita à zona rural deve levantar a suspeita de febre maculosa”, ressalta a especialista.

Ela diz que praticamente todos os óbitos de febre maculosa no Rio, antes da pandemia, foram classificados como dengue, e alerta que doenças da moda, em evidência, acabam maquiando as outras, que não deixam de existir.

“As doenças de impacto, de altos números de casos são importantes, mas aquelas que matam, que têm alto poder de letalidade, também são importantes e podem ser controladas, como a febre maculosa e a raiva”, completa.

Secretaria emitiu alerta em maio

A Secretaria de Estado de Saúde informou que, desde o mês de maio, vem alertando os municípios “para que intensifiquem as ações de vigilância dessa zoonose”.

Entre os casos deste ano na capital, cinco foram notificados como suspeitos pela Secretaria Municipal de Saúde do RJ: os dois PMs mortos (um deles já confirmado) e mais três que não tiveram a investigação epidemiológica concluída.

Antes disso, a última ocorrência havia sido confirmada em 2018, em paciente residente no Rio, que foi infectado em outro estado.

Como se proteger da febre maculosa

Seguindo as orientações do Ministério da Saúde, as principais medidas preventivas, além das ações educativas, são orientações técnicas, que buscam evitar o contato com os potenciais vetores.

Confira outras orientações:

– Evitar caminhar, sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos em atividades de lazer, como piqueniques, pescarias, etc.;
– Quando for inevitável o acesso a essas áreas, que seja realizada vistoria no corpo em busca de carrapatos em intervalos de 3 horas, para a retirada dos ectoparasitas e, assim, diminuir o risco de contrair a doença;
– Se forem verificados carrapatos no corpo, não esmagar o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar as bactérias e infectar partes do corpo com lesões. Deve-se retirá-los com leves torções e com auxílio de pinça, evitando contato com as unhas e o esmagamento do artrópode, e descartá-los em álcool. Quanto mais rápido forem retirados, menor a chance de infecção;
– Utilizar barreiras físicas, como calças compridas, com a parte inferior por dentro das botas ou meias grossas;
– Utilização de roupas claras para facilitar a visualização e retirada dos carrapatos;
– O uso de equipamentos de proteção individual para atividades ocupacionais como capina e limpeza de pastos também é importante. Além disso, é recomendado o uso de repelentes, conforme orientações na bula do produto;
– Além dos cuidados de aspecto individual, também é importante providenciar a utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações do profissional médico veterinário, evitando com que animais tão presentes no cotidiano das pessoas fiquem infestados;
– Limpeza e capina periódica de lotes não construídos e áreas públicas com cobertura vegetal;
– Manter vidros e portas fechados em veículos de transporte em áreas com risco de infestação de carrapatos;
– Promover a capacitação de profissionais da saúde envolvidos no diagnóstico, tratamento e vigilância;
– Orientação técnica de veterinários, profissionais do turismo e da agropecuária em geral sobre controle e/ou contato com vetores em áreas não urbanas e urbanas.

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