RS: “alquimista” é preso novamente por leite com soda cáustica
Segundo o MP, engenheiro químico era quem orientava como fazer a mistura. Produtos eram adulterados com soda cáustica e água oxigenada
atualizado
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A ação deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), nesta quarta-feira (11/12), contra a adulteração de produtos lácteos em uma fábrica da Dielat, no município de Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre, teve como um dos presos o engenheiro químico Sérgio Alberto Seewald, conhecido como “alquimista” ou “mago do leite”.
Ele é considerado a figura central em fraudes identificadas em fases anteriores da operação, como a 4ª etapa, realizada em novembro de 2014. A Dielat teria contratado o químico para assessorar a produção.
Segundo o MP, Sérgio é o mesmo empresário preso àquela época e voltou a atuar na fraude com consultoria. Ele chegou a ser absolvido de condenação em 2005 por crime semelhante. O MP comprovou a participação dele na fábrica de Taquara, apesar de estar impedido pela Justiça de trabalhar com laticínios.
Presos
Durante a operação, quatro pessoas foram presas, além do “alquimista”, foram detidos um sócio-proprietário da empresa, Antonio Ricardo Colombo Sader; o diretor, Tales Bardo Laurindo e um supervisor, Gustavo Lauck.
O MP cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé, no Rio Grande do Sul, e na cidade de São Paulo.
Conforme o MP, na fábrica, cujos produtos têm ampla distribuição no Brasil e são exportados para a Venezuela, foi identificado o uso de soda cáustica e água oxigenada em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. Essas substâncias são perigosas à saúde e usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados.
A empresa já venceu licitações para fornecer laticínios a escolas e a outros órgãos públicos. As marcas comercializadas no Brasil incluem Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, enquanto na Venezuela os produtos levam o nome de Tigo.
Ao menos sete cidades do RS já tiveram leite fornecido pela Dielat para merenda escolar, segundo o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCERS). São elas: Alvorada (2023), Canela (2020), Gravataí (2020), Ivoti (2019), Porto Alegre (2023), Taquara (2022) e Viamão (2019).
Fraude “sofisticada”
Conforme o órgão, as fórmulas fraudulentas têm se tornado mais sofisticadas, permitindo que substâncias como soda cáustica e água oxigenada escapem de detecções iniciais da fiscalização de órgãos ligados ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“Além de ajustar o pH e mascarar a acidez do leite, essas substâncias são usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados, o que representa graves riscos à saúde, incluindo potencial carcinogênico. A denúncia de 2024 se confirmou um novo risco”, afirma o promotor Mauro Rockenbach.
Exames detalhados estão em andamento para identificar com precisão os lotes contaminados, uma vez que as novas fórmulas usadas pelos fraudadores dificultam a identificação de substâncias nocivas nas análises preliminares. As autoridades reforçam a necessidade de maior fiscalização para evitar que práticas como essas sigam colocando a saúde da população em risco.