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Roraima aciona termoelétricas após apagão na Venezuela

A primeira desconexão entre os dois países foi registrada às 10h22 dessa quinta-feira (7/3)

atualizado

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Venezuelanos abrigados em Boa Vista Brasil Venezulela
1 de 1 Venezuelanos abrigados em Boa Vista Brasil Venezulela - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O apagão que mantém a maior parte da Venezuela no escuro também afeta o Estado brasileiro de Roraima, que acionou ainda na quinta-feira (7/3) as cinco usinas termoelétricas para suprir a energia normalmente procedente do complexo hidrelétrico venezuelano de Guri e Macaguá, informou nesta sexta-feira (8/3) a Roraima Energia.

A primeira desconexão entre a Venezuela e Roraima foi registrada às 10h22 (11h22 em Brasília) de quinta-feira, seguida por outra às 16h53. Desde então, o estado não conseguiu restabelecer o fornecimento com a estatal de energia do país vizinho, a Corpolec, e é atendido pelo parque termelétrico próprio.

“Ao decorrer da noite foram realizadas tentativas de restabelecimento pela interligação Brasil/Venezuela, porém como a mesma apresentava grande instabilidade não foi possível”, explicou a Roraima Energia em comunicado.

Roraima é o único estado brasileiro desconectado do sistema elétrico nacional. A metade do fornecimento de energia vem da usina hidrelétrica venezuelana de Guri, através de uma linha de transmissão inaugurada em 2001 pelos então presidentes Hugo Chávez e Fernando Henrique Cardoso.

A Roraima Energia diz que as cinco usinas termelétricas têm capacidade para atender 100% da demanda de eletricidade do Estado e que todas estão operando nesta sexta-feira. “Até o momento não recebemos informação concreta das causas dos desligamentos na interligação e o sistema continua sendo atendido 100% pelo parque termoelétrico”, completou a empresa.

Alto custo
As usinas termelétricas fornecem eletricidade a um custo muito mais alto que as linhas de conexão com a Venezuela e precisam receber diesel com caminhões.

A conexão de Roraima à rede nacional de energia envolve a construção de linhas de transmissão passando por 125km de território indígena Waimiri-Atroari, povo que foi um dos mais afetados nos anos 1960 e 1970 para a construção da rodovia Roraima-Manaus, impulsionado pela ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985.

Esse projeto, chamado de linha de Tucuruí, está paralisado há anos, aguardando licenças ambientais e consultas com moradores, exigidas pela Constituição.

O governo de Jair Bolsonaro (PSL) discute a publicação de um decreto considerando o trabalho uma questão de “emergência nacional”, o que aceleraria o processo. Os waimiri-atroari dizem que não são contra a obra, mas exigem “que seus direitos constitucionais e legais sejam respeitados”.

Em 2018, Roraima registrou 85 apagões, dos quais 72 foram causados por falhas na Venezuela, um número recorde, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica do Brasil.

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