Ronnie Lessa, acusado de executar Marielle, volta ao banco dos réus
Nesse processo, PM reformado responde pelo encontro de peças de fuzis achadas na casa de amigo. Crime completa 3 anos neste domingo (14/3)
atualizado
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Rio de Janeiro – Acusado de ser o executor dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, o policial militar reformado Ronnie Lessa volta a sentar no banco dos réus, em audiência por videoconferência, no próximo dia 31, às 11h, na 40ª Vara Criminal, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Nesta ação, ele responde pelo encontro de peças de 116 fuzis, na casa de Alexandre Mota de Souza, apontado como amigo de Lessa, em 2019, no Méier, zona norte da cidade.
Lessa confessou ser o dono das caixas com o material encontrado, mas os advogados afirmam que seriam para armas de brinquedo, como airsoft. “A defesa juntou todas as notas fiscais que demonstram que tudo não passa de peças de airsoft”, afirmou, em nota, Bruno Castro, advogado do acusado.
O delegado-titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), Marcus Amim, sustenta que as peças são usadas para armas de fogo reais. “A perícia constatou isso e, em meu depoimento na Justiça também, como especialista, esclareci sobre os ferrolhos”, explicou.
Na Justiça, Lessa também responde pelas mortes de Marielle e Anderson, ao lado de Élcio Queiroz, no 4º Tribunal do Júri. Os advogados, que alegam a inocência da dupla, recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para eles não irem a júri popular. As investigações revelaram que Lessa também usava a família para cometer supostos crimes.
“A defesa insiste na inocência de Ronnie. Uma testemunha ocular já afirmou que a pessoa que atirou era negra e a quebra de sigilo demonstrou que ele estava na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na hora do crime”, defende o advogado Bruno Castro.
Lessa responde por ter jogado supostamente as armas do crime no mar com mais quatro pessoas, entre elas, a mulher, Elaine Lessa, e o irmão dela, Bruno. O caso tramita na 19ª Vara Criminal por organização criminosa e obstrução de Justiça.
Nem os filhos de Lessa escapam das investigações. Um inquérito da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) concluiu que, com ajuda da filha Mohana Lessa, o PM reformado traficava armas dos Estados Unidos para o Brasil desde 2014.
De acordo com os investigadores, peças e acessórios eram adquiridos em sites de venda de armas e em países como China, Nova Zelândia e Estados Unidos. De lá, eram mandados para o Rio de Janeiro. O caso foi enviado à Polícia Federal.
Em setembro do ano passado, o ex-PM Élcio Queiroz foi condenado a cinco anos por porte ilegal de duas pistolas e munições de uso restrito encontradas na casa dele. A decisão foi do juízo da 32ª Vara Criminal. A defesa recorreu à 2ª instância.
O Metrópoles não localizou os advogados de Élcio Queiroz.