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Roberto Dias nega pedido de propina por vacinas: “Nunca foi tratado”

Ex-diretor do Ministério da Saúde chamou acusação de “estória fantasiosa”, confirmou encontro, mas disse nunca ter pedido dinheiro

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Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Roberto Ferreira Dias
1 de 1 Roberto Ferreira Dias - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias confirmou jantar com representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil, mas afirmou nunca ter solicitado dinheiro pela compra de vacinas contra a Covid-19. A declaração foi dada nesta quinta-feira (1º/7), em nota enviada à imprensa.

Dias é acusado de pedir propina por imunizantes contra a Covid-19. Ele confirmou que participou, no dia 25 de fevereiro deste ano, de um jantar com Luiz Paulo Dominguetti, representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil. Segundo Dominguetti, o ex-diretor pediu US$ 1 por cada vacina AstraZeneca vendida pela empresa ao governo federal. A oferta total era de 400 milhões de unidades do imunizante.

O encontro ocorreu no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, e contou com participação do coronel Marcelo Blanco da Costa, também servidor do Ministério da Saúde e substituto eventual de Roberto Dias.

“Nessa noite, Blanco chegou acompanhado pelo sr. Dominguetti, que, até a presente data, nunca havia figurado como parte nas trocas de comunicações oficiais entre ministério e empresa, sendo um desconhecido”, relatou Dias.

O ex-diretor negou as acusações de pedido de propina: “É importante frisar que, ao contrário do que é alegado pelo Dominguetti, o tema propina, pedido de dinheiro, facilitação… NUNCA foi tratado à mesa ou em qualquer ambiente em que eu estive presente”, defendeu.

Dias disse, ainda, que “histórias como a de Dominguetti aparecem com frequência”. Ele também frisou que o quantitativo de vacinas proposto para venda – 400 milhões de doses – era um número “improvável de estar à disposição” naquele momento.

Em nota, o ex-diretor ressaltou que a proposta era “descabida” e por isso o acordo não foi fechado. “Tão descabida era a proposta que não houve prosseguimento por nenhuma área do ministério. Destaco que nunca houve negociação, mas sim pedidos de documentos necessários”, afirmou.

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O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias
Exoneração de Dias foi publicada no Diário Oficial da União de quarta-feira (30/6)
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Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde

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O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias

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Exoneração de Dias foi publicada no Diário Oficial da União de quarta-feira (30/6)

Reprodução/DOU
“Estória fantasiosa”

No comunicado, Dias chamou a acusação de Dominguetti de “estória fantasiosa” e, mais uma vez, argumentou que desconhece qualquer oferta de propina: “Se existiu algum pedido de oferecimento de propina, eu, Roberto Dias, desconheço, uma vez que jamais fiz ou faria qualquer tipo de ato que fuja de minha atuação ética e moral”.

O ex-diretor enfatizou, ainda, que irá à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado Federal para contar sua versão dos fatos. “Todos saberão o que realmente aconteceu. O verdadeiro bastidor”, disse. Ele concluiu afirmando que “existem terceiros interessados”.

Dias também negou que teria feito pressão sobre o servidor Luis Ricardo Miranda para compra da vacina indiana Covaxin. “Acredito que ele tenha se equivocado ou, intencionalmente, direcionado à minha pessoa”, disse.

Linha do tempo

O ex-diretor fez uma linha do tempo para narrar as negociações feitas entre a empresa Davati e o Ministério da Saúde. Conforme relatou Dias, o primeiro contato teria ocorrido no dia 22 de fevereiro, por um e-mail enviado por Cristiano Carvalho, representante da organização, ao Departamento de Logística.

A mensagem, no entanto, não continha o anexo da proposta, segundo o ex-diretor. Três dias depois, em 25 de fevereiro, o e-mail teria sido reenviado, agora com a documentação de venda. No dia seguinte, 26 de fevereiro, às 15h, o Ministério da Saúde teria agendado uma reunião entre Dias e o representante da empresa.

O ex-diretor argumenta que, em vez de Cristiano Carvalho, remetente do e-mail, Dominguetti teria comparecido ao encontro. “Nesta reunião, informei quais eram as principais documentações necessárias e indispensáveis para que a diretoria encaminhasse [a proposta] à secretaria executiva, para a apreciação e início dos trâmites”, afirmou Dias.

Ele explicou que todas as tratativas por e-mail realizadas pelo Ministério da Saúde teriam sido remetidas a Cristiano Carvalho e Herman Cárdenas, que respondiam como representantes da empresa. A única menção ao nome de Dominguetti, ressaltou Dias, teria sido feita em uma mensagem enviada ao órgão no dia 26 de fevereiro, a qual conteria a proposta de venda.

Carta da AstraZeneca

Dias argumenta que, no dia 1º de março, teria pedido à empresa a apresentação de uma carta expedida pela AstraZeneca para comprovar que a Davati era representante legal do laboratório do Brasil. Ele defende que nunca recebeu a documentação.

“Em resposta, o sr. Cristiano Carvalho encaminhou tão somente o documento que o credencia como representante da Davati Medical, e informou que: ’em seguida lhe enviaremos a alocação do produto pelo possuidor da titularidade do produto (Davati) junto à AstraZeneca'”, relatou o ex-diretor.

A empresa Davati Medical Supply é investigada no Canadá por negociar doses da vacina contra o novo coronavírus em paralelo ao governo local e sem o aval, até mesmo, da própria AstraZeneca.

Ao Metrópoles a farmacêutica confirmou não usar intermediários para tratar de vacinas contra a Covid-19. “Atualmente, a AstraZeneca não disponibiliza a vacina por meio do mercado privado ou trabalha com qualquer intermediário no Brasil. Todos os convênios são realizados diretamente via Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e governo federal”, assinalou, em nota.

Leia a nota de Roberto Ferreira Dias na íntegra:

NOTA À IMPRENSA by Rebeca Borges on Scribd

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