RJ tem 3 vezes mais vigilantes irregulares do que aptos para atuação
Segundo Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 243.503 vigilantes estão com cursos de atualização vencidos; exame é obrigatório
atualizado
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Rio de Janeiro – No estado do Rio de Janeiro, o número de vigilantes irregulares é quase três vezes maior do que o de profissionais aptos para exercer a função, de acordo com o Anuário de 2022 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo o levantamento, 243.503 vigilantes estão com cursos de atualização vencidos, ou seja, não refizeram o treinamento que é obrigatório a cada dois anos, conforme estabelecido por lei. Em contrapartida, pouco mais de 80 mil profissionais são regulamentados para atuar na área.
De acordo com o Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio (Sindvigrio), o alto número de profissionais da categoria apontado como irregular pode ser explicado por alguns fatores, como: a desistência da função/troca de área de atuação e falta de dinheiro para investir em um curso de reciclagem, que custa entre R$ 300 e R$ 500.
Para Antônio Oliveira, presidente da entidade, geralmente os que atuam de forma irregular são contratados como controladores de acesso, porteiros e vigias para atuar em shoppings e outros estabelecimentos. Essa era a situação do segurança Jorge Luiz, de 49 anos, morto durante um assalto no shopping VillageMall, no último sábado (25/6).
Jorge, apesar de atuar como segurança, não possuía nenhum treinamento, nem porte de arma, fatores que o tornavam ainda mais vulnerável em situações como a que culminou em sua morte.
Menor custo
A medida de contratar pessoas que não tenham, ao menos, o curso de reciclagem, de acordo com Oliveira, é uma forma de reduzir gastos, já que profissionais habilitados devem trabalhar com carteira assinada.
“No que diz respeito às empresas de vigilância mesmo, as irregularidades são muito poucas, porque são fiscalizadas pela Polícia Federal. Mas existem empresas que não são de segurança e prestam serviço passando essa ideia. É muito comum essa contratação de controladoria de acesso, esse é um grande problema do segmento”, diz.
“A cada um profissional ali da segurança privada, podem ter quatro ou cinco que não são. Esse segmento se tornou muito maior do que o da segurança privada, por ser mais barato”, completa.
Segurança do VillageMall
Segundo Oliveira, no caso de Jorge, o profissional foi chamado para preencher a vaga por meio de um grupo de aplicativo de mensagens, o que indica irregularidade na contratação. “Demonstração cabal de que era totalmente irregular a situação dele”, afirma.
“Ele foi morto e se tornou uma vítima, mas, se alguma coisa acontecesse na presença dele ou se, em uma atitude atrapalhada dele, ele matasse alguém, possivelmente, ele seria preso, porque a situação dele era irregular”, completa.
Para Oliveira, controlar o crescimento de empresas que se passam por segurança é uma questão complexa, já que a legislação vigente e que deu origem à categoria é ultrapassada, pois a única exigência é vigilância em agências bancárias ou onde haja circulação de dinheiro.
“Como não existe a exigência na lei, a própria Polícia Federal tem dificuldade em atuar e fiscalizar esse segmento. Então, não temos conseguido barrar o crescimento ilegal do setor, que tem tirado muitos postos da nossa categoria regulamentada”, explica.
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