RJ: saiba quem é Gabriel Monteiro, ex-PM e vereador acusado de assédio
Vereador foi denunciado por ex-funcionários de assédio moral e sexual e de exploração infantil para se autopromover
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – Acusado de abuso sexual e moral contra ex-funcionários e servidores da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o vereador Gabriel Monteiro (sem partido), 27 anos, entrou na carreira política após se tornar famoso com um canal no YouTube. Lá, onde tem mais de 6 milhões de seguidores, o ex-policial publica vídeos com ações da corporação, nos quais se define como defensor de “direitos humanos para humanos direitos”.
Gabriel atuou na corporação da Polícia Militar por menos de 10 anos, e largou a posição quando assumiu o cargo de vereador na Câmara Municipal. Nas últimas eleições, foi o terceiro vereador mais votado do Rio de Janeiro. Em suas redes sociais, afirma que luta contra as máfias do Rio, desde a área da saúde até os jogos de azar.
Polêmicas
O ex-PM já se envolveu em diversas polêmicas. Em março de 2020, acusou o coronel da Polícia Militar Íbis Souza Pereira de ter ligação com o tráfico de drogas do Complexo da Maré, na zona norte do Rio.
Na ocasião, o youtuber chegou a perder o porte de armas, além de ter recebido um processo de expulsão da corporação. Ele acabou condenado pela Justiça do Rio a pagar 40 salários mínimos ao acusado.
Além disso, Gabriel Monteiro, mesmo fora da corporação da Polícia Militar, age como se ainda fosse um agente. Nas redes sociais, aparece participando de operações e dando voz de prisão. Em um vídeo publicado em 31 de março de 2021, o vereador afirma a uma médica de uma UPA da zona norte do Rio que ela estaria presa por “cometer crimes contra os pobres”.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) entrou com uma representação no Ministério Público contra o vereador por abuso de autoridade. O Conselho também afirmou que Gabriel Monteiro seria alvo de uma ação civil pública que pede indenização de R$ 500 mil por danos morais à categoria.
Recentemente, Gabriel Monteiro afirmou ter sido subornado para suspender vistorias em pátios da Prefeitura do Rio de Janeiro. Três policiais militares foram exonerados após as denúncias. O vereador alega que foi oferecido um total de R$ 200 mil para que a fiscalização fosse interrompida. Nas redes sociais, por causa dos vídeos de denúncia, Monteiro alega sofrer ameaças de morte.
Assédio moral e sexual
Na noite deste domingo (27/3), o ex-PM foi denunciado por assédio moral e sexual por cinco pessoas em uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo. As acusações partiram de ex-funcionários e servidores que trabalharam com Gabriel Monteiro.
Na reportagem, vítimas apontam que o vereador pedia “carinhos” inclusive nas genitais, alisava uma de suas funcionárias e proporcionava momentos de constrangimento e desconfortáveis. Além disso, também afirmaram manipulações nos vídeos publicados por Monteiro nas redes sociais.
O vereador se manifestou e negou todas as acusações: “O Fantástico mentiu muito! A suposta estuprada me procurou para ficar comigo após esse suposto ato. A família da criança está indignada com a reportagem, só estávamos mostrando a realidade da menina que teve a vida mudada. A que alegou assédio cobrou 100 mil (reais) para não falar na TV”, disse o ex-PM no Twitter.
“As famílias estão indignadas com a Globo. Antes de gravar, as mães deram o roteiro de vida delas. Fome, abandono paterno, situação de rua. Eu, ao longo do vídeo, vou apenas introduzindo a realidade. Objetivo claro: vocês verem o vídeo e entenderem a real necessidade de ajudá-las. E qualquer pessoa que tem experiência de vídeo sabe que o conteúdo tem que ser cadenciado. Nunca mentiroso. O fato de eu ajudar a criança a falar sua realidade só demonstra minha vontade delas mudarem de vida”, completou.
Conselho de Ética investigará
De acordo com o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara do Rio, Alexandre Isquierdo, uma reunião extraordinária foi convocada para a próxima terça-feira (29/3), às 15h. A Comissão avaliará as denúncias contra o vereador.