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RJ: polícia vai ouvir dono do bar onde trabalhavam agressores de Moïse

Depoimento de Alauir Mattos de Faria foi marcado para quinta-feira (3/2); congolês foi assassinado brutalmente após cobrar salário atrasado

atualizado

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Ilustração colorida de Moïse
1 de 1 Ilustração colorida de Moïse - Foto: Divulgação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro marcou para quinta-feira (3/2) o depoimento do dono do bar onde trabalhavam os três homens que foram presos por agredir até a morte o congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, em 24/1, na Barra da Tijuca.

O policial militar Alauir Mattos de Faria é apontado como dono do quiosque Biruta, vizinho do Tropicália, onde Moïse foi espancado até a morte. Nesta quarta-feira (2/3), foram presos Alisson Oliveira, Fabio Silva e outro homem que não teve o nome divulgado.

A irmã do PM, Viviane Faria já foi ouvida. Ela estava no local no momento das agressões. Também nesta quarta, a mãe de Moïse, Ivana Lay, prestou depoimento. Na saída da delegacia, emocionada, disse apenas que espera que se faça justiça.

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Para escapar da violência e da fome no Congo, Moïse se mudou para o Rio de Janeiro em fevereiro de 2011, quando ainda era criança. Três anos depois, a mãe também passou a viver na capital fluminense
Moïse trabalhava como garçom, servindo mesas na praia, e recebia por diárias, em quiosque próximo ao Posto 8 da praia da Barra, na zona oeste da capital
 Moïse Kabagambe foi morto a pauladas, no final de janeiro, no quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca
Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram Moïse conversando com funcionários do quiosque. Em determinado momento, os ânimos se acirraram, e um dos homens pega um pedaço de madeira.  Moïse tenta se defender com uma cadeira
O homem que ameaçou Moïse deixou o local e, momentos depois, retornou com outras cinco pessoas, que amarraram os pés e as mãos do rapaz, e o espancaram até a morte
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O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira (24/1), próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro

Reprodução
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Para escapar da violência e da fome no Congo, Moïse se mudou para o Rio de Janeiro em fevereiro de 2011, quando ainda era criança. Três anos depois, a mãe também passou a viver na capital fluminense

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Moïse trabalhava como garçom, servindo mesas na praia, e recebia por diárias, em quiosque próximo ao Posto 8 da praia da Barra, na zona oeste da capital

Arquivo Pessoal
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Moïse Kabagambe foi morto a pauladas, no final de janeiro, no quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca

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Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram Moïse conversando com funcionários do quiosque. Em determinado momento, os ânimos se acirraram, e um dos homens pega um pedaço de madeira. Moïse tenta se defender com uma cadeira

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O homem que ameaçou Moïse deixou o local e, momentos depois, retornou com outras cinco pessoas, que amarraram os pés e as mãos do rapaz, e o espancaram até a morte

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Segundo testemunhas, o jovem foi agredido por, pelo menos, 15 minutos. Pedaços de madeira e um taco de beisebol foram usados para desferir os golpes contra ele. Policiais encontraram o corpo de Moïse, amarrado e já sem vida, em uma escada

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Familiares do congolês só souberam da morte quase 12h depois do crime, na terça-feira (25/1). O jovem foi enterrado no Cemitério de Irajá, na zona norte da cidade

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Os familiares também atribuem o crime ao racismo e à xenofobia, que é o preconceito contra estrangeiros. Além disso, eles denunciaram que, quando foram retirar o corpo do jovem no Instituto Médico-Legal (IML), a vítima estaria sem os órgãos

Reprodução/TV Globo
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Perícia realizada pelo IML indicou que Moïse tinha várias "áreas hemorrágicas de contusão" e também vestígios de broncoaspiração de sangue. Testemunhas afirmaram que a vítima implorou para que não o matassem

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Até o momento, oito pessoas já foram ouvidas por agentes da Polícia Civil. Segundo a família, cinco investigados estavam envolvidos no assassinato de Moïse

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Na terça-feira (1º/2), um dos funcionários do quiosque se apresentou na delegacia e confessou ser um dos agressores. Segundo ele, os suspeitos tentaram evitar que o trabalhador agredisse um idoso, mas ninguém devia salário para a vítima

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Em nota ao Metrópoles, a Polícia Civil afirma que periciou o local e analisou imagens de câmeras de segurança. As diligências estão em andamento para identificar os autores

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O depoimento foi acompanhado pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Rodrigo Mondego, que lamentou as tentativas de desqualificação de congolês.

De acordo com o defensor, o africano estava no local para cobrar diárias não pagas pelo dono do quiosque, em que ele prestava serviços.

Tropicália

Defensores do dono do quiosque Tropicália, onde ocorreu o espancamento, também estiveram na delegacia nesta quarta-feira para relatar ameaças que o empresário e sua família vêm recebendo após a morte do refugiado.

Os advogados Euclides de Barros e Darlan Almeida, no entanto, não registraram oficialmente a situação como uma ocorrência. Segundo eles, o proprietário do espaço é apenas testemunha do caso.

Para a polícia, a versão de que Moïse estava no local para cobrar pendências trabalhistas reforça a necessidade de esclarecer qual era a relação profissional do congolês com o quiosque.

“Lamentamos a morte e concordamos com a família de que ele deveria ter sido socorrido por quem viu as agressões. Foi um crime bárbaro e que precisa ser esclarecido”, disse Darlan.

O endereço permanece interditado pela Prefeitura do Rio o que foi uma decisão provocada apenas pela “repercussão internacional e pela proporção que o caso tomou, obrigando autoridades a darem uma resposta”, segundo Euclides.

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