RJ: Polícia encontra R$ 2 milhões em bitcoins em operação contra milícia
A descoberta das criptomoedas revela que milicianos estão migrando investimentos para a modalidade, evitando rastreio de movimentação
atualizado
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Rio de Janeiro – A Polícia Civil descobriu que uma quadrilha ligada às milícias da Muzema e do Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro, praticavam lavagem de dinheiro através de bitcoins. Na operação Blood Money, deflagrada nesta quinta-feira (23 /9) e que já prendeu 15 suspeitos, os agentes encontraram cerca de R$ 2 milhões em investimentos em criptomoedas.
De acordo com reportagem do jornal Extra, o montante está ligado ao empresário Luiz Carlos dos Reis Príncipe, um dos investigados por lavar dinheiro da milícia. A descoberta do valor em bitcoins revela, para a polícia, que os milicianos estão migrando seus investimentos para criptomoedas, na tentativa de evitar o rastreio das movimentações pelos órgãos de controle fiscal.
Os investimentos em criptomoedas eram realizados com a ajuda de Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins”, preso no mês passado pela Polícia Federal durante a Operação Kryptos. As investigações mostram uma ligação entre a empresa de Glaidson, a GAS Consultoria Bitcoin, por meio dos documentos apreendidos.
23 mandados de prisão
Na operação desta quinta-feira, pelo menos 15 dos 23 mandados de prisão haviam sido cumpridos até as 10h30. A polícia também fez busca e apreensão em oito empresas que seriam usadas pelo grupo.
As investigações da 18ª DP (Praça da Bandeira) constataram que os sócios da LP Empreendimentos e Construções atuam como laranjas dos paramilitares, inclusive nos investimentos dos bitcoins. As informações são fundamentadas em Relatórios de Inteligência Financeira (Rifs) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Junta Comercial (Jucerja).
Casal envolvido em desabamento
O dono da empresa, Luiz Príncipe, foi preso na ação desta quinta-feira. A operação da polícia também mirou o casal Cintia Bernardo da Silva e Rafael Gomes da Costa, que foi investigado pelo desabamento de dois prédios na Muzema. A queda da construção causou a morte de 24 pessoas em abril de 2019.
Cintia e Rafael movimentavam grandes quantias, utilizando a técnica conhecida com “mescla”, misturando dinheiro lícito com ilícito em sucessivas transações financeiras, segundo a resportagem.
O casal operava em conjunto com Laerte Silva de Lima, que já havia sido denunciado e preso na Intocáveis I, em janeiro de 2019. As duas operações tem origem nas investigações do assassinato na vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.