RJ: perito morto por militares fez 7 denúncias de furto em seu imóvel
Renato Couto, de 41 anos, foi morto após uma discussão em um ferro-velho. Corpo foi jogado às margens de rio ainda com vida, segundo IML
atualizado
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Rio de Janeiro – O perito papiloscopista Renato Couto, de 41 anos, morto na última sexta-feira (13/5), fez sete boletins de ocorrência de furto nas obras de sua residência, disse o diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), delegado Antenor Lopes, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (16/5).
“Renato tinha acabado de realizar o sonho da casa própria, estava saindo do aluguel e juntando todas as suas economias para construir o imóvel. Desde dezembro, ele fez sete registros de ocorrência e estava sendo vítima de furtos por usuários de drogas. Levaram portas, janelas, makita, cafeteira, tudo que tinha”, disse Antenor Lopes.
Além das denúncias, o perito pediu ajuda de colegas policiais civis e o caso estava sendo investigado. Desde então, a 18ª DP, na Praça da Bandeira, zona norte do Rio, chegou a realizar uma operação em um dos ferros-velhos que receptou materiais furtados da casa de Renato.
“Isso estava deixando o perito atordoado, porque ele estava investindo tudo que tinha na obra. Chegou a vender o carro da família para construir a casa e fazia serviços extras para juntar dinheiro”, disse o diretor da DGPC.
Na busca por recuperar seus materiais roubados, Renato descobriu um outro ferro-velho que receptava seus bens. Foi então que ele achou Lourival Ferreira de Lima, dono do local.
Vídeo mostra discussão
O Metrópoles teve acesso ao vídeo que mostra o perito discutindo com Lourival, horas antes de ser morto por militares. Veja:
“Houve uma discussão áspera, bem complicada. O perito chegou a alertar, disse que eles seriam presos, que voltaria lá com a polícia. Ele falou que estava tendo um prejuízo muito grande, perdendo muito dinheiro”, explicou Antenor.
Segundo as investigações, após essa discussão, o dono do ferro-velho teria concordado em devolver os materiais e ressarcir o prejuízo do policial. Mais tarde, quando Renato volta para buscar o combinado, ele se deparou com uma emboscada.
Lourival, o dono do ferro-velho, chamou seu filho, Bruno Santos de Lima, sargento da Marinha, e mais dois colegas de farda, o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares. Os quatro foram presos na madrugada de domingo (15/5).
O sargento Bruno é o chefe do setor de transportes do primeiro distrito naval e teria usado uma van cinza, da Marinha do Brasil, para matar o perito e transportar o corpo.
“Quando o policial viu o sargento Bruno, o sargento Manoel e o cabo Dares junto com o pai do Bruno, tentaram agarrá-lo e colocá-lo na van. O perito resistiu e um deles deu uma gravata e disse ‘aplica, aplica’, que significa ‘atira’. Bruno efetuou os disparos na perna e no abdômen. Eles seguiram com a van para a Baixada, no Rio Guandu, e jogaram o corpo do policial às margens”, relatou Antenor Lopes.
Segundo o resultado do Instituto Médico Legal, Renato foi jogado ainda com vida no rio. O corpo foi encontrado na manhã desta segunda-feira (16/5) por bombeiros.
Após o crime, os militares lavaram a van três vezes. A primeira em um lava-jato, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e usaram cloro para higienizar o veículo. Depois, quando chegaram na garagem do primeiro distrito naval, lavaram mais duas vezes. “O objetivo deles era apagar os vestígios de sangue”, relatou Antenor.
Bruno é sócio do ferro-velho com o pai, Lourivel. O irmão de Bruno, que não teve o nome identificado, apareceu no endereço nesta segunda-feira e também foi detido pelos policiais da 18ª DP.
Em depoimento, Bruno, o pai e os dois militares confessaram os crimes, segundo a Polícia Civil. Eles irão responder por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
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