RJ: paciente mantida em cárcere diz ter sido operada por falsa médica
Daiana Cavalcanti, 36, diz que o tempo todo a técnica Kellen Queiroz, que se passou por médica, cobrou R$ 14 mil para colocar o silicone
atualizado
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Rio de Janeiro – A mulher que acusa o médico Bolívar Guerrero, 63, de cárcere privado em um hospital particular diz que sua prótese de silicone pode ter sido colocada por Kellen Queiroz,31, a técnica de enfermagem que se passou por médica.
“Ela falou pra mim que era médica, tanto que nós pagamos os R$ 14 mil pra ela fazer minha cirurgia. A Kellen disse que o Dr. Bolívar não colocaria mais a mão em mim, mas ele estava lá e se escondeu no centro cirúrgico. Quando eu acordei, ela me falou que fez o procedimento, mas minhas mamas foram bem difíceis para subir, mas que ficou tudo perfeito. Cada um fala uma coisa, mas fica difícil de entender porque eu estava apagada”, disse a paciente Daiana Cavalcanti, 36, ao Metrópoles.
A mulher estava internada no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, desde primeiro de junho. Daiana passou por oito procedimentos cirúrgicos após fazer uma abdominoplastia (cirurgia estética no abdômen) com o médico Bolívar Guerrero, que começou a apresentar sinais de infecção.
Daiana foi transferida para o Hospital Federal de Bonsucesso, especializado em cirurgia plástica e reconstrução, na última quinta-feira (21/7), após três liminares na Justiça. Ela aguardava a transferência do Hospital Santa Branca desde o dia 14/07.
Bolívar Guerrero foi preso no dia 18 de junho, durante uma cirurgia no Hospital Santa Branca. O médico foi acusado de cárcere privado, após tentar impedir a transferência de Daiana por duas vezes.
Ida à churrascaria
O convite para Daiana almoçar fora, mesmo com o abdômen infeccionado e internada, veio de Kellen Queiroz, que se apresentou para a paciente como médica. Segundo o relato da vítima, a mulher aplicou quatro injeções de benzetacil antes de começar a arrumação para o almoço fora das dependências do Hospital Santa Branca.
“Ela me arrumou, fez meu cabelo, minha sobrancelha, minha maquiagem, tirou fotos e pediu para eu colocar um sorriso no rosto. Tomei banho, coloquei uma roupa, e fomos andando até o local, mesmo eu estando com a barriga aberta. Ela perguntou o que eu gostava de comer. Falei que gostava de carne. Foi então que ela entrou em uma churrascaria. Disse que seria bom comer proteína. Almocei carne e tomei um suco de laranja”, relata Daiana Cavalcanti à reportagem.
Após a família da vítima procurar a Delegacia da Mulher, Daiana conta que Kellen mandou mensagens se sentindo traída. A mulher conta que acabou foi enganada pela enfermeira, que ganhou sua confiança durante a internação:
“Ela se passou por minha amiga, fazia carinho em mim, tanto que os vídeos que eu fazia no TikTok, ela que me incentivava. Dizia para eu fazer porque eu estava feliz. Depois ela começou a fazer com que eu me sentisse culpada”, conta a vítima.
“Estava indo embora”
Daiana disse que não só ela, mas todo mundo achava que Kellen era médica, já que a mulher era chamada de “Dra Kellen” em todo o Hospital Santa Branca.
“Minha pressão foi a 22 em uma das cirurgias, eu quase morri, ela ficou bem nervosa. Colocou música no centro cirúrgico, pediu para eu ter calma. Nesse momento eu disse: “Kellen, eu estou indo embora, vou morrer”. Estava sentindo meu corpo saindo de dentro de mim. Tive muito medo de morrer, foi desesperador”, disse a vítima à reportagem.
Desde quando foi transferida para o Hospital Federal de Bonsucesso, Daiana passou por um procedimento de remoção de tecido necrosado, após os pontos das cirurgias abrirem.
Na próxima quinta-feira (28/7), Daiana vai precisar passar por uma nova cirurgia, para remoção de mais tecido necrosado.