RJ: corpos no Jacarezinho tinham faces dilaceradas e múltiplas lesões
Avaliações constam nos boletins de atendimentos médicos dos três hospitais para onde as vítimas foram levadas, já sem vida
atualizado
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Rio de Janeiro – Corpos com faces dilaceradas, lesões em diversas partes, algumas incompatíveis com ferimentos por disparos de armas de fogo. É o que apontam os boletins de atendimento médico de cinco dos 28 mortos na Favela do Jacarezinho, na zona norte, durante a Operação Exceptis, deflagrada na última quinta-feira (6/5) e considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.
Nos documentos obtidos pelo G1 e que serão analisados pelos investigadores que apuram se houve execução ou abusos policiais, o médico responsável pelos atendimentos relatou, entre outras lesões, “faces dilaceradas”, “dilacerações”, ferimentos em membros inferiores compatíveis com disparos de arma de fogo e “desvios ósseos em membros superiores”.
Os boletins foram produzidos a partir da avaliação dos corpos de cinco homens levados por policiais para a Coordenação de Emergência Regional (CER) da Ilha do Governador, a emergência do Hospital Evandro Freire. Em todos as avaliações, o médico assinala que os pacientes chegaram já “cadáveres”. O mesmo padrão foi mantido nos corpos levados para o hospitais Souza Aguiar e Salgado Filho.
Em nota, a Polícia Civil informou que “o fato de criminosos chegarem mortos à unidade hospitalar não quer dizer que não foram resgatados com vida”. A corporação alegou, ainda, que “as mortes podem ter acontecido no caminho ou na entrada ao hospital”.
E acrescentou que, “sobre as circunstâncias de eventuais socorros e da retirada de corpos do cenário, os fatos serão esclarecidos durante a investigação policial que está em andamento e sendo acompanhada pelo Ministério Público”.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que, entre a manhã e a tarde do dia da operação, chegaram já mortas 20 pessoas ao Hospital Municipal Souza Aguiar, cinco na CER Ilha e uma no Hospital Salgado Filho, no Méier.