RJ: conheça a ilha que virou refúgio de jardineiro arrastado pelo mar
Nelson Nedy Ribeiro, 50, foi resgatado após cinco dias ilhado; região é conhecida por ser área de preservação natural e santuário de aves
atualizado
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Rio de Janeiro – O jardineiro que ficou cinco dias na Ilha das Palmas, zona oeste do Rio de Janeiro, se abrigou em uma região conhecida pela área de preservação natural, por ser um santuário de aves marinhas e uma terra difícil de dar frutos. Nelson Nedy Ribeiro, de 50 anos, foi resgatado no último sábado (13/8) pelo Corpo de Bombeiros.
Na última segunda-feira (8/8), o jardineiro foi até o Mirante do Roncador para ver o mar, no final da tarde. Devido à ressaca do mar, Nelson foi atingido por uma onda e levado pela correnteza.
“É impressionante, porque ele percorreu cerca de 3,3 km até a Ilha das Palmas. Normalmente, no fim do dia tem um vento de leste muito forte e ele acabou sendo levado pela correnteza”, explicou ao Metrópoles o oceanógrafo e professor da UERJ David Zee.
O Rio de Janeiro possui duas Ilhas das Palmas, uma na região da zona sul, próximo à praia de Ipanema e outra na região da praia de Grumari, onde o jardineiro ficou ilhado. Com um cume que pode chegar até 100 metros de altura, a região possui 540 metros na direção leste e oeste e para o lado sul e sudeste, 500 metros.
“Risco iminente”
A região é formada por rochas afloradas e é conhecida como santuário de aves marinhas, já que esses animais costumam a usar a região para defecar e gerar adubo. Como a ilha pode chegar a 100 metros de altitude, a opção de não explorar a região atrás de comida, acabou sendo a escolha mais segura para o jardineiro.
“A ilha é íngreme, tem uma subida perigosa, então provavelmente foi por isso que ele não deve ter subido para explorar a área. O problema é que existe um risco eminente dele começar andar na região e encontrar animais como cobras e aranhas. Caso tivesse algum tipo de fruta, seria um coqueiro, mas em uma região muito alta”, explica o especialista.
Assim que chegou na ilha, Nelson encontrou uma barraca, um colchonete e uma coberta, deixados lá por pescadores. Além disso, também achou duas garrafas de refrigerante com água, o que garantiu sua sobrevivência pelo período em que ficou ilhado.
Na barraca, o jardineiro encontrou limão e carvão, que serviram de alimento. Ele chegou a beber água salgada misturada com doce e água da chuva.
“O ser humano consegue sobreviver apenas 48h sem água, ainda mais em condições agressivas no mar. Ele de fato poderia morrer e nem ter forças o suficiente para pedir ajuda”, conta Zee.
Próximo à praia
A ilha que abrigou o jardineiro por cinco dias ficava a cerca de 1,2 km da praia de Grumari. O homem chegou a tentar nadar até a costa, mas acabou sendo levado pelas ondas novamente até a ilha.
O oceanógrafo explica que a ilha é muito frequentada durante o final de semana por banhistas e pescadores, mas como ele caiu no final de uma segunda-feira, isso pode ter prolongado o sofrimento do jardineiro.
“Aquela região é um monumento natural da praia de Grumari e é área de preservação natural. Final de semana a região é frequentada por banhistas que vão até lá de stand up e até mesmo caiaque, se o mar não estiver muito revolto. Como a área tem muitos peixes, no final de semana sempre tem pescadores ali por perto, mas como o acidente foi na segunda, ninguém deve ter passado na região durante os dias que ele esteve lá”, conta David Zee.
A ilha é disforme e cercada por uma grande variedade de fauna marinha, graças às pedras em volta da região.
Nelson foi resgatado na manhã do último sábado (13/8) quando foi encontrado por surfistas que acionaram o Corpo de Bombeiros. O resgate aconteceu de helicóptero, e o jardineiro ficou com escoriações nas costas e pernas. Ele chegou a ser hospitalizado, mas no domingo já estava em casa.
Emocionado, o jardineiro reencontrou e abraçou na tarde desta segunda-feira (15/8), o bombeiro que fez seu resgate. Em casos de acidente em mar aberto, o especialista dá a dica:
“Tente fazer uma fogueira ou algum tipo de sinalização, como hastear uma bandeira ou um pano que possa chamar atenção de alguma maneira”, explica David Zee.