RJ: confundido como filho de traficante, músico completa 10 dias preso
Um procedimento disciplinar será aberto pela Polícia Civil para apurar as circunstâncias da prisão. Justiça analisa pedido de habeas corpus
atualizado
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Rio de Janeiro – Um procedimento disciplinar será aberto pela Polícia Civil do Rio de Janeiro para apurar as circunstâncias da prisão do jovem Vinícius Matheus Barreto Teixeira, de 21 anos, após ele ser confundido com o filho de um traficante, que está foragido. Os pais do jovem fazem vigília em frente à Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde ele segue preso há 10 dias.
De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), a confusão é de responsabilidade da Polícia Civil. “Conversamos com ele sobre o que está acontecendo e ele entendeu que houve um erro. Que não está certo o que estão fazendo com ele”, disse a mãe de Matheus, Paula Barreto, em reportagem do G1.
A defesa do jovem fez um pedido de habeas corpus à Justiça na última sexta-feira (08/10), mas ainda não houve resposta do judiciário por conta do feriadão de Nossa Senhora Aparecida. Um novo pedido será feito nesta quarta-feira (13/10), uma vez que o Ministério Público informou que, como o processo é físico, só poderá analisar o caso nesta quarta, no retorno do feriado.
“Não existe feriado para uma pessoa que está presa. Um dia dentro da cadeia é como uma eternidade”, descreveu o pai do jovem confundido como traficante, Messias Gomes Teixeira.
Justiça diz não ter responsabilidade
A juíza Juliana Ferraz, em exercício na 4ª Vara Criminal de Niterói e que decretou a prisão de Vinícius, esclarece não ser responsabilidade do Judiciário o possível erro na identificação do músico no ato da sua prisão. De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio, a magistrada só foi procurada na sexta-feira, após o expediente forense.
“Não recebi pedido da defesa para revogação da prisão. O advogado entrou com o pedido do HC na 2ª Câmara Criminal. Na sexta-feira por volta das 17h30, após o encerramento do expediente forense (instituído pela administração do TJ do Rio no horário das 11h às 17h, devido à pandemia da Covid-19), um advogado ligou para o meu gabinete, perguntando se havia encaminhado as informações para a desembargadora Kátia Maria Amaral Jangutta, que será a relatora do habeas corpus”, diz a juíza.
Nomes parecidos
A investigação que levou Vinícius à prisão, após ser confundido como filho de traficante, era feita pela 76ª DP (Niterói). A polícia identificou Messias Gomes Teixeira, conhecido como “Feio”, como sendo o chefe do tráfico do Morro do Ururbu, na zona norte do Rio. O bandido tem o mesmo nome do pai do rapaz preso, que é de Maricá, no Norte do estado. No inquérito, a polícia também apurou que o filho de “Feio” recolhia o lucro do tráfico.
Apesar dos nomes semelhantes, as datas de nascimento do pai do jovem preso e do traficante são diferentes. Mesmo assim, segundo o TJ, Vinicius Teixeira foi preso após ser denunciado pelo Ministério Público por associação para o tráfico e ter a prisão decretada em 2018.
Ainda na nota, o tribunal informa que “ele foi citado por edital pelo fato de estar na condição de foragido e que o processo foi desmembrado do principal, em que houve a condenação de Messias Barreto Teixeira, que a família do rapaz alega ser homônimo do seu pai”.