Rio: pai entrega filha morta em hospital e pede para ser preso
Criança apresentava sinais de abuso sexual, marcas de correntes pelo corpo e estava com a orelha cortada
atualizado
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Uma menina de seis anos deu entrada no Hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte do Rio, já sem vida. Ela foi levada ao local na tarde de sexta-feira (02/08/2019) pelo próprio pai, o barbeiro Rodrigo Jesus da França, 25 anos, e a madrasta, Juliana Mayara Brito da Silva, de 20. O homem é acusado de espancar a filha até a morte e pediu para ser preso em seguida, segundo reportagem do O Dia. O temor dele era que fosse linchado por cerca de 15 pessoas que o aguardavam do lado de fora da unidade de saúde.
Segundo servidores do hospital, Mel Rhayane Ribeiro de Jesus, 6, apresentava várias marcas de correntes, feridas pelo corpo, sinal de abuso sexual no ânus e estava com orelha cortada. A menina também parecia desnutrida e tinha hematomas pelo corpo.
O pai afirmou que a criança havia recebido um “corretivo” e estava de castigo, quando parou de respirar. Em outra versão, disse que a menina morreu por ter batido a cabeça.
O pai vivia com a criança há seis meses. A mãe teria perdido a guarda após denúncias de que a garota sofria abusos sexuais por parte do ex-padrasto. Ela nega as acusações. O pai da vítima foi detido e conduzido à Delegacia de Homicídios da Capital (DH), assim como a madrasta de Mel. Neste sábado (03/08/2019), foram presos em flagrante.
Peritos da Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital), na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, comprovaram que Mel foi amarrada e chicoteada. Além de perder parte da orelha com as sessões de espancamento, a menina tinha ferimentos no tornozelo e nas mãos. Os policiais também descobriram que o pai tirou a criança da escola para que outras pessoas não percebessem as agressões.
Segundo O Dia, a delegada Cristiane Carvalho contou que o pai confessou o crime e justificou a violência como “correção de um suposto comportamento sexual alterado da menina”, que teria começado após suposto estupro cometido pelo ex-padastro. O acusado contou que deixava também a filha amarrada para que ela não tivesse contato com outros filhos do casal.
Fernanda Cristina Ribeiro Tavares, a mãe da menina, negou a acusação de estupro e disse que o pai inventou essa história para conseguir a guarda da criança e não pagar a pensão alimentícia que devia. No entanto, agentes da 26ª DP (Todos os Santos) que acompanharam o caso disseram que a mulher tinha conhecimento dos abusos sexuais cometidos pelo ex.
As investigações apontam também que a vítima desenvolveu um distúrbio psiquiátrico que a levava a se masturbar. Por causa disso, o pai a espancava e a torturava para que parasse, segundo informou a Polícia Civil.
O diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP) do Rio de Janeiro, delegado Antônio Ricardo, classificou como “facínoras, covardes, malditos” o pai e a madrasta. Eles responderão por homicídio qualificado pela tortura, pela morte da criança, que era vítima de maus-tratos.