Rio nega pedido de prioridade de rodoviários na vacinação contra Covid
Ofício foi rejeitado no dia em que Ministério da Saúde incluiu classe como prioritária na imunização. Situação é a mesma em Niterói (RJ)
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – A Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, negou, nesta quarta-feira (23/6), um ofício do Sindicato das Empresas de Ônibus do município (Rio Ônibus) que pedia a retomada da vacinação prioritária da categoria, composta de cerca de 19 mil profissionais.
A decisão ocorre no mesmo dia em que o Ministério da Saúde incluiu no grupo prioritário da vacinação motoristas, cobradores e outros profissionais que atuam no transporte coletivo rodoviário. A cota prevista para a classe é de 30% no esquema vacinal da Coronavac, de acordo com o 25º Informe Técnico da pasta.
A imunização dos rodoviários foi interrompida no estado no início de maio por determinação do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), após uma ação apresentada pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. O órgão alegou que não houve motivações técnicas para antecipar a vacinação dos rodoviários, prevista no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
Segundo o Rio Ônibus, 59 profissionais morreram em decorrência da doença desde o começo da pandemia. O porta-voz do sindicato, Paulo Valente, reafirmou que a classe se enquadra nos serviços essenciais à população, uma vez que cada profissional lida com cerca de 200 pessoas por dia. O Rio Ônibus afirmou que continuará a insistir para que os profissionais sejam imunizados com prioridade.
“Há meses defendemos a priorização da vacinação de motoristas e fiscais de ônibus. Esta resposta é mais um exemplo de descaso para com o setor rodoviário. É o ônibus que transporta a população, inclusive os profissionais de saúde. As autoridades municipais falam tanto em retomada da economia, mas esquecem que sem capacidade de deslocamento, nada sai do lugar. Vamos insistir com a defesa de que os rodoviários devem ser priorizados na corrida pela vacina”, disse Paulo.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que “como houve pactuação dos municípios fluminenses com a Secretaria de Estado de Saúde para um calendário único baseado na idade, os rodoviários e todas as categorias profissionais já estão sendo atendidos concomitantemente como população em geral”.
Outros municípios
Em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, o cenário é semelhante. O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) enviou, nesta quarta, um ofício ao prefeito Axel Grael para que a categoria seja imunizada contra a Covid-19 com prioridade. Na cidade, mais de 3.440 profissionais atuam no setor rodoviário.
Segundo o sindicato, outras categorias serão vacinadas, mesmo que estejam abaixo dos rodoviários na tabela de prioridades para imunização.
Pelo menos três outros municípios que integram o Sintronac já vacinaram os rodoviários: Tanguá e Maricá, também na Região Metropolitana, e Araruama, na Região dos Lagos. As cidades de Cabo Frio e Itaboraí deverão definir, nos próximos dias, as datas para imunização do grupo, segundo o sindicato.
O presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, reforçou a necessidade de se vacinar a classe e destacou que, desde o começo da pandemia, 64 rodoviários morreram de Covid-19 nos 13 municípios que fazem parte do sindicato.
“Os índices de mortes pela Covid-19 entre a população com menos de 50 anos e estudos que apontam que os rodoviários só ficam atrás do pessoal da Saúde em relação ao risco de contaminação pela doença. Isso demonstra que a categoria é extremamente frágil diante da pandemia. Nossa luta é por vacina para todos, mas, de março do ano passado até agora, pelo que tomamos conhecimento, 64 rodoviários morreram em consequência da Covid-19 nos 13 municípios de nossa base. É um impacto grande na categoria”, afirmou.
Questionada, a Prefeitura de Niterói ainda não respondeu o pedido de nota do Metrópoles. O espaço está aberto para manifestação.