Rio: influencers da Baixada viram hit com dicas de decoração acessível
Papel de parede, boiserie e parede de tijolinhos aparecem entre as dicas compartilhadas nas redes sociais para quem quer economizar
atualizado
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Rio de Janeiro – Se o tema decoração pode parecer algo distante da realidade de muitos, influenciadoras digitais têm conseguido mostrar a transformação de um ambiente de forma simples e barata, colocando a mão na massa.
Cabeceira modulada com fita dupla face, papel de parede, pintura, boiserie (moldura de parede) e tijolinhos aparecem no universo de possibilidades que blogueiras da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, ensinam como uma decoração de baixo custo para a casa.
Priscila Pessanha, 33, ou Pri, começou no Instagram em meados 2017, para compartilhar o antes e depois da reforma de seu lar. Formada em sistemas de informações, passou a se interessar por decoração quando foi morar com o seu marido em um apartamento financiado.
“Postei uma foto da minha cozinha planejada, que nem estava pronta. Dormi com menos de mil seguidores e acordei com 7 mil”, disse a criadora do @401nossoape ao Metrópoles.
Priscila é moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Em 2019, firmou-se na rede e viu o número de seguidores subir ainda mais. O primeiro trabalho pago surgiu quando atingiu a marca dos 70 mil seguidores.
“Eu vendi 1 milhão para a empresa e recebi R$ 3 mil. Hoje, vejo que foi muito pouco. Na época, eu era coordenadora de uma multinacional, já estava há 10 anos na empresa e ganhava R$ 5 mil. Fiz quase meu salário formal em alguns dias”, contou a influenciadora que, agora com mais de 400 mil seguidores, já fez publicidade para cerca de 80 empresas.
Em 2020, aos 100 mil seguidores, decidiu que era o momento de largar o emprego e se assumir como blogueira de decoração. Em meio à pandemia, Pri surgia nos stories dando dicas de receitas, cama posta e mostrando a realidade de uma casa.
“Apareço descabelada, mostro a casa bagunçada e arrumada, e as pessoas se identificam com isso. Quando o bolo dá certo eu mostro, quando dá errado, eu mostro também. A identificação das pessoas vem ao fazer coisas acessíveis, dentro da realidade delas”, disse Priscila.
Para a decoração acessível, ela indica: “Junte objetos com texturas e alturas diferentes para decorar os móveis. Para o sofá, aposte em texturas nas mantas e em quadros nas paredes. São formas da gente deixar o ambiente mais aconchegante, sem gastar muito”, aconselha.
“Para a mesa posta, invista em louças brancas para começar, que dá para fazer combinações diferentes. Para o quarto, fazer uma cama de hotel é caro, mas dá para montar sem cobre leito, só com o lençol, e ficar bonito também. Faça com o que você tem. Quero que as pessoas exercitem a criatividade”, disse.
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Para ambientes pequenos, Pri sugere cores claras e espelhos, que ampliam os ambientes. Para quem quiser investir em alguma tendência sem gastar muito, ela aponta.
“Aposte em cabeceira modulada, papel de parede e um espelho bacana. As paredes de tijolinho são lindas também, e dá para comprar o molde ou aquela em 3D, que é super acessível. Para o estilo ripado, vá no EVA, material emborrachado. O metro dele varia de R$ 7 a R$ 20. Se não for uma parede muito grande, você gasta mais ou menos 3 metros”, calcula.
“Que preconceito é esse?”
Moradora de Nilópolis, na Baixada Fluminense, casada e mãe de quatro filhos, Marcela Laranjeiras, 40, compartilha diariamente nas redes sociais sobre seu dia a dia, maternidade e decoração.
O gosto pela decoração veio desde pequena, quando via a mãe juntando dinheiro durante todo o ano para pintar a casa no Natal. Mesmo de forma simples e com poucos recursos, os paninhos eram iguais, as almofadas sempre combinando com o sofá e tudo feito com capricho.
“Estou construindo e decorando essa casa há 11 anos. Sempre falo para ir com calma, com planejamento, de passo em passo. Sempre fiz um pedacinho, pagava uma melhora aqui, depois ia para outro cômodo. É super possível decorar gastando pouco. Antes de ter minha casa própria, morei em duas alugadas e decorei todas. Se você está dentro dela, ali é um pedaço do seu lar”, disse Marcela Laranjeiras, criadora do @casadebamba101 ao Metrópoles.
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Com mais de 400 mil seguidores, a ideia de criar o Instagram surgiu de forma despretensiosa em 2017, quando trabalhava como recepcionista em um consultório médico. O plano era fazer um diário da obra e compartilhar as conquistas da casa. A iniciativa deu tão certo, que acabou virando profissão após dois anos.
“Eu não sabia que existia gente comum, como eu, que ganhava dinheiro no Instagram. Conforme eu fui ganhando seguidores, o perfil foi crescendo. Um trabalho que eu fazia eram cinco salários na clínica. Depois de dois anos de Instagram, aceitei que era a hora certa de me assumir como uma empresa, como influenciadora e viver disso”, disse Marcela.
Para quem quer transformar um ambiente sem gastar muito, a dica principal que ela dá é colocar a mão na massa.
“Com criatividade, é possível chegar em uma decoração muito bonita e acessível, principalmente se você colocar a mão na massa. A tinta é uma ótima aliada, porque ela é barata e te dá muitas possibilidades. Aposte em acessórios como mantas, almofadas, quadros, tapetes, tinta epóxi, papel de parede e porta-retratos”, explicou.
As fotos e vídeos com a casa bem decorada chamam atenção, mas quando Marcella fala que mora na Baixada, região mais afastada da cidade do Rio, sente preconceito.
“Fui convidada para participar de dois programas de televisão, mas, quando descobriram que eu morava em Nilópolis, acabaram desistindo. Falavam que era longe, fora de mão. Eu ficava me perguntando, a pessoa que mora na Baixada não pode ter uma casa confortável? Bem decorada? Que preconceito é esse?”, questionou a influenciadora.
“Faça você mesmo”
Cíntia Barreto, de 25 anos, é moradora de São Gonçalo, região metropolitana do Rio, e também compartilha dicas de decoração através de seu Instagram, com vídeos curtos de 60 segundos, transformando seu apartamento de 40 metros quadrados.
O @sonhandonoape nasceu em 2020, quando ela ainda estava noiva, mas foi só em 2021, quando casou e pegou as chaves do apartamento financiado, que passou a ser mais ativa na rede social.
Na época, a advogada trabalhava de home office e passou a compartilhar fotos, vídeos e dicas que começaram a cair no gosto do público.
“Era ano de pandemia, comecei a fazer reforma e tudo estava muito caro. Não contratei arquiteto, designer, mesmo achando que isso ajude muito. Comecei a desenhar as coisas no papel, do meu jeito. A pessoa que fez meus armários da cozinha e do banheiro foi um marceneiro, não uma empresa de móveis planejados. Fiz dessa forma para economizar”, contou Cíntia Barreto ao Metrópoles.
“A minha mesa da sala e o meu rack são móveis usados. Eram de madeira escura, decidimos reformar e pintar para deixar branquinho. Na realidade que eu vivi, com o dinheiro que eu tinha, consegui fazer muita coisa.”
Com as dicas sobre seu apartamento no estilo provençal, Cíntia já reúne mais de 80 mil seguidores em sua rede. Os conteúdos sobre enxoval, antes e depois e “faça você mesmo”, são os principais destaques de sua página. Veja:
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Cintia garante que é possível decorar gastando pouco: “É só ter criatividade e ânimo para fazer as coisas. Para gastar pouco, é interessante que a mão de obra seja sua. Busque o que você quer e tente encontrar meios de fazer mais em conta. Por exemplo, eu queria uma parede de boiserie, mas se fosse com gesso, seria muito mais caro. Fiz com E.V.A, que é de borracha e muito mais barato”, conta.
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