Percussionista de ONG é preso na orla de Ipanema por suspeita de roubo

Rio de Janeiro – Parentes de Marcos do Nascimento Tavares Carreiro, de 19 anos, que foi preso no calçadão de Ipanema, na zona sul do Rio, na tarde da última segunda-feira (28/2), afirmam que o jovem foi pego por engano.

Marcos foi detido e encaminhado para a 14ªDP (Leblon) por assalto, em seguida, acabou direcionado para Benfica. Na audiência de custódia, nesta quarta-feira (2/3), a Justiça do Rio decidiu pela liberdade provisória do jovem.

De acordo com o pai, o que fizeram com seu filho foi “covardia”: “Não sei se é porque ele é negro e está com cabelo loiro que pensaram em fazer essa covardia”, disse Marcelo Luis Tavares Carreiro ao RJ1, da TV Globo. Marcos não tem antecedentes criminais.

No boletim de ocorrência consta que um casal de namoradas do Maranhão foi furtado por “quatro ou cinco homens”, que as cercaram e que “um dos assaltantes puxou o celular do bolso de uma delas com violência”.

As duas teriam, então, caminhado até encontrarem a polícia. Segundo o PM que registrou o caso, “as vítimas reconheceram três elementos que passaram na frente da viatura”, no calçadão, às 17h30.

Ainda de acordo com o PM, foi feita abordagem e revista e nenhum dos pertences roubados foi encontrado com eles. “As vítimas reconheceram, sem nenhuma dúvida, os três elementos como autores do crime”, diz o documento.

As turistas alegam que o homem que pegou o celular tinha aproximadamente 1,80 metro de altura, era negro e forte, e tinha o cabelo descolorido. Ele foi identificado como sendo o Marcos, que descoloriu o cabelo para o Carnaval.

“A prisão não se mostra necessária, adequada ou proporcional diante das seguintes razões. Os indiciados afirmam ter domicílio fixo e são primários. No mais, diante das circunstâncias em que teria se dado a prisão, sem perder de vista que aqui há evidente necessidade de que os fatos sejam mais apurados, sobretudo diante de sua dinâmica, certamente faz com que se esvaia qualquer substrato para se cogitar, neste momento, de prisão cautelar”, disse o juiz Antonio Luiz da Fonsêca Lucchese.

Mesmo com a liberdade provisória concedida, Marcos e Kawan dos Reis Azeredo, que também foi detido na última segunda, terão que cumprir medidas cautelares, devendo comparecer mensalmente ao cartório da 14ª Vara Criminal da Capital, não poderão se ausentar do Rio por mais de 10 dias, nem mudar de endereço sem comunicação prévia ao juízo, além de não poderem se aproximar das vítimas.

Serviço militar

Marcos se alistou no serviço militar e começaria nesta semana no Instituto de Biologia do Exército, em Benfica.

“Ele sempre sonhou muito alto. Devido a esse comportamento, ele hoje é nosso monitor de percussão. Marcos sempre se preocupou com as crianças conforme foi crescendo. E ele sempre falava que, se amanhã ou depois eu não estivesse na ONG, ele ia tocar a ONG para mim”, disse Ana Paula Mendonça, presidente da ONG, a qual Marcos frequenta há oito anos, a Liga do Bem.