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Rio demoliu 213 imóveis da milícia e do tráfico em menos de 5 meses

Ao todo, quase 700 edificações já foram derrubados pela prefeitura nessa gestão. A grande maioria são empreendimentos da milícia

atualizado

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Fotos: Marcos de Paula/Prefeitura do Rio
Demolição prédio no Recreio
1 de 1 Demolição prédio no Recreio - Foto: Fotos: Marcos de Paula/Prefeitura do Rio

Rio de Janeiro – As demolições de construções irregulares na capital do Rio chegaram à marca de 213 imóveis nos primeiros cinco meses do ano. Ao todo, quase 700 edificações já foram derrubados pela prefeitura da cidade na gestão atual, sendo a maior parte em áreas dominadas pelo crime organizado.

À reportagem, o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, estimou que, até o momento, mais de R$ 100 milhões tenham sido perdidos pelas organizações criminosas com as operações.

Os dados foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio (Seop). O levantamento foi feito com exclusividade para o Metrópoles.

De acordo com a pasta, 70,34% das operações realizadas em 2021 se deram em locais sob a influência da milícia. Enquanto, até março de 2022, 61,97% das derrubadas ocorreram em áreas de grupos paramilitares.

Essas regiões são, em sua grande maioria, na zona oeste do Rio, em bairros como Barra da Tijuca, Campo Grande, Curicica, Guaratiba, Gardênia Azul, Recreio dos Bandeirantes, Santa Cruz, Paciência, Itanhangá e Cosmos.

Além destes, dois bairros da zona norte também figuram na lista, Quintino Bocaiúva e Vila Kosmos.

Para Carnevale, a demolição de prédios do crime organizado tem mostrado um resultado melhor do que a prisão dos membros. “A prisão, obviamente, é importante, mas quando a gente consegue demolir, fazemos com que aquele ganho não se concretize”, explica ao Metrópoles.

“Isso, muitas vezes, é mais eficaz do que a simples prisão, porque a organização criminosa tem por conceito a rápida troca das peças. Então, você precisa ir no produto que ela deixa, no caso, as construções. Assim, deixará de ganhar dinheiro. Acho que é a grande contribuição que a prefeitura vem dando para a Segurança Pública nesse aspecto, além da vida das pessoas”, completa.

Em 2021, áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV) ficaram na segunda posição do ranking, com 15,86% das demolições, em regiões como Botafogo, Gamboa, Mangueira, Ricardo de Albuquerque, Vicente de Carvalho e Vigário Geral.

Já em 2022, o Terceiro Comando Puro (TCP) aparece em segundo lugar, com 22,06%, em bairros como Cordovil e Praça da Bandeira.

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Ao todo, 700 demolições foram feitas entre 2021 e 2022
Demolição prédio irregular no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes
Operação da Seop e do Gaeco na Muzema, na zona oeste do Rio
Prédio no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes é demolido
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De acordo com o secretário, Brenno Carnevale, as construções irregulares trazem diversos problemas para a cidade

Fotos: Marcos de Paula/Prefeitura do Rio
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Ao todo, 700 demolições foram feitas entre 2021 e 2022

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Demolição prédio irregular no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes

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Operação da Seop e do Gaeco na Muzema, na zona oeste do Rio

Divulgação/Seop
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Prédio no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes é demolido

Divulgação/Seop

Demolições

Segundo o secretário, essas derrubadas fazem parte da estratégia da Seop, já que as construções irregulares trazem diversos problemas para a cidade, como o impacto nas consequências das chuvas, a expansão desordenada, a maior produção de lixo, o trânsito e a circulação de pessoas.

“Quando falamos de uma construção irregular, parece que estamos sendo burocratas, mas é uma questão que envolve a vida das pessoas. Para mim, essa é a principal preocupação, o risco de vida que as pessoas correm ao morar em locais assim”, explica.

“Existe um plano diretor, discutido no Parlamento, por um motivo. A gente precisa pensar como uma cidade pode ou não crescer, sem contar toda a questão de estudo do solo”, completa.

Uma das ações dos criminosos para burlar o sistema e impedir que as demolições sejam efetivadas é colocar uma pessoa para morar no local antes mesmo das obras serem concluídas.

“Nosso trabalho precisa ser rápido e eficaz, para evitar que esses prédios sejam ocupados antes das equipes chegarem. Eles [criminosos] constroem dois pavimentos e colocam pessoas morando ali, para depois aumentar o gabarito do empreendimento, o que dificulta a operação”, explica.

Segundo Carnevale, na gestão atual, a fiscalização está mais intensa, até mesmo por conta do acordo fechado no último ano, para que a Prefeitura do Rio tenha respaldo do Ministério Público nas ações.

“Sabemos que, infelizmente, essa é uma luta diária e que não vai ter um dia em que poderemos não mexer nessa questão. Por isso, criamos um programa no governo para que a fiscalização siga, independentemente da gestão municipal”, afirma.

Ameaça

Recentemente, Brenno Carnevale foi ameaçado de morte por meio do Disque Denúncia, por sua atuação contra construções de organizações criminosas.

“A prefeitura não vai recuar nessa luta, porque é o nosso papel cuidar da cidade. Sabemos que estamos lidando, em muitos desses casos, com criminosos. Então, não é nenhuma novidade que a gente esteja incomodando essas pessoas. Acho que isso é natural do processo de prejuízo que estamos dando a eles, e não vamos nos intimidar com nenhum recado, nenhuma ameaça”, conclui o secretário.

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