Rio: cientista Nina da Hora denuncia racismo em livraria no Leblon
A cientista diz que chegou a ser impedida de ler por um segurança; caso aconteceu na livraria Travessa, no Leblon, zona sul do Rio
atualizado
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Rio de Janeiro – A cientista carioca Nina da Hora, de 26 anos, denunciou em suas redes sociais que foi vítima de racismo na livraria Travessa, no Leblon, zona sul do Rio.
Segundo ela, o caso aconteceu nessa quinta-feira (3/3). Ela contou que estava acompanhada da irmã quando foi seguida por um segurança e chegou a ser impedida de ler. A gerente da loja perguntou a Nina onde ela morava.
“Eu realmente gosto de livrarias e hoje estava na @LivTravessa do Leblon comprando livro com a minha irmã e o segurança se sentiu no direito de me seguir e parar em cima dos livros que eu estava olhando”, disse Nina em sua publicação.
A cientista afirma que era cliente da livraria e disse que chegou a comentar que tem guardada as últimas três notas de quando ela fez compras no estabelecimento. Nas redes sociais, ela compartilha diversas fotos com livros ou em livrarias.
“Eu tive que falar o valor que eu gastei da última vez que foi alto e depois falar com a gerente. Agora, a gerente disse que ia conversar com ele, mas registrando, pois imagina só me constranger a ponto de não me deixar fazer uma das coisas que mais amo, que é ler. Gente, a primeira pergunta que a gerente me fez foi onde eu morava. Esse é o nível”, desabafou.
Silêncio
Nas redes sociais, a livraria recebeu diversos comentários e questionamentos sobre o ocorrido, mas até o momento não se pronunciou publicamente.
A travessa tá no Instagram ocultando os comentários nas postagens deles sobre o racismo que eu e minha irmã sofremos. Não disfarçam
— Nina da Hora – Nina From Hour – Nina de La Huera (@ninadhora) March 4, 2022
Nina da Hora é Cientista da Computação pela PUCRio, pesquisadora da FGV e desenvolve pesquisa de investigação nos algoritmos de reconhecimento facial, o que chama de HackerAntirracista. Nina faz parte do conselho de transparência do TSE para as eleições de 2022.
“Podemos ser exaltados em qualquer lugar, mas o racismo acontece assim diariamente. Me deixa puta essa ação ter paralisado a minha irmã então eu fiz isso para ela ver que a gente tem que expor”, disse a cientista.
“Isso, pois hoje a maior associação da computação do mundo me reconheceu como cientista da computação e referência. Aguardo as respostas da @LivTravessa”, completou.
Em nota, a Travessa informou ao Metrópoles que está “tentando entender o que aconteceu” e ressaltou que “pauta sua atuação pela valorização da diversidade em todos os seus aspectos”. “Não compactuamos com nenhuma prática discriminatória de qualquer natureza”, conclui.