Rio: 20 funcionários de UPA onde homem morreu na espera são demitidos
José Augusto Mota Silva morreu na última sexta-feira (13/12) enquanto aguardava atendimento na UPA da Cidade de Deus
atualizado
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A Prefeitura do Rio de Janeiro demitiu 20 profissionais de saúde – entre médicos, enfermeiros e recepcionistas – que estavam na na UPA da Cidade de Deus durante plantão da última sexta-feira (13/12) quando um homem, identificado como José Augusto Mota da Silva, de 32 anos, morreu enquanto aguardava atendimento na unidade.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, já havia anunciado, através das redes sociais, que “todos os profissionais que estavam no plantão” seriam demitidos.
José Augusto chegou a passar pela classificação de risco, mas só recebeu atenção dos funcionários do local depois de ficar desacordado. Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, mas a causa da morte ainda não foi divulgada oficialmente.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o corpo de José Augusto sendo retirado da UPA após a morte, com pessoas ao redor indignadas com a situação: “Agora ele é paciente, né?”.
Assista:
Nas imagens, é possível ver o homem já morto e, em seguida, a mulher que grava pergunta sobre a família dele. O vídeo mostra o corpo dele sendo colocado em uma maca, com os funcionários da UPA se aproximando para ver a situação.
“Agora é paciente, né? Agora vocês estão com pressa. O homem chegou aqui gritando de dor”, diz uma mulher que estava no local aos funcionários.
De acordo com a secretaria, José Augusto chegou ao local andando e lúcido, mas reclamava de muitas dores no corpo. Após passar por uma triagem, ele aguardou pelo atendimento sentado. Ao verificar que o paciente estava desacordado, os funcionários o levaram o atendimento, mas ele não resistiu.
Quem era José Augusto
Em entrevista ao Metrópoles, a sobrinha de José Augusto, Emily Larissa, de 19 anos, contou que o velório, realizado no domingo (15/12), foi repleto de emoções e que o próximo passo é a busca pela justiça, para que outras famílias não passem pelo que o tio passou.
“Se não fizermos nada, o mesmo pode acontecer com outras pessoas e destruir outras famílias”, disse a jovem.
José Augusto era natural de Mogi Guaçu, interior de São Paulo, e vivia no Rio de Janeiro desde 2012. Ele era artesão e vendia brincos, colares e pulseiras feitos por ele na praia durante o dia. Alguns dias antes de sua morte, ele passou a trabalhar em uma casa de construção, onde também foi demitido.
Segundo a sobrinha de José Augusto, o homem sofria com dores e vômitos há algum tempo. “Por conta dele ficar passando mal com muitas dores no estômago, ficava vomitando, não ficaram com ele e mandaram embora. Ele estava trabalhando como auxiliar de serviços gerais”, contou Emily Larissa.
José Augusto não tinha filhos e vivia sozinho no Rio de Janeiro.