Festival em réveillon de Pirenópolis é cancelado e clientes reclamam
Muitas pessoas que compraram ingressos entre R$ 150 e R$ 500 só serão ressarcidas em 10 de janeiro e ameaçam processar produtora da festa
atualizado
Compartilhar notícia
A ressaca do réveillon 2017 chegou mais cedo para um grupo de pessoas e empresas que esperavam passar a virada de ano em Pirenópolis (GO). O E-Beach Music Festival — evento de música eletrônica que ocorreria entre 30 de dezembro e 3 de janeiro — foi cancelado nesta semana e deixou clientes e fornecedores na mão. Parte das pessoas que compraram ingresso só deve receber o dinheiro de volta em janeiro. Já as prestadoras de serviço contratadas devem levar calote.
O anúncio do cancelamento foi publicado na última terça-feira (13/12), na página do festival no Facebook. No post, a empresa alegou a impossibilidade de manter o evento devido a “uma taxa no valor de R$ 360 mil a ser paga para emissão do alvará da prefeitura de Pirenopólis” e “à falta de comprometimento de algumas pessoas integrantes da equipe E-Beach”. Outro problema apontado é que apenas 572 entradas haviam sido vendidas e a expectativa de público era de 5 mil.
A promessa de reembolso somente após o ano-novo deixou muita gente indignada. “Acabou com o meu réveillon. Estou vendo com amigos como vamos fazer. Sem dúvida, a preocupação maior é não receber o valor pago”, reclama Thayane Alves Araújo, 25 anos, que pagou R$ 200 por um ingresso.
Irritação e ação judicial
Outra jovem que planejava passar a virada do ano em Pirenópolis estuda acionar a Justiça. “Estou muito chateada. Não faço ideia de onde e como vou passar meu ano-novo. Paguei R$ 400 em dois ingressos e quero meu dinheiro de volta. Caso não consiga, vou para a Justiça”, desabafou a atendente Luciana Gonçalves Oliveira, 22 anos.
Maria (nome fictício) também foi lesada. A jovem, que pediu para não ter a identidade divulgada, teme não ver o dinheiro pago. “Os organizadores me passaram que o valor seria devolvido dia 10 de janeiro. Mas está tudo muito vago. Estou buscando informações sobre como entrar na Justiça por medo de não receber o valor de volta”, contou.
Fornecedores reclamam
Além dos clientes, prestadores de serviço estão no prejuízo. Joviniano Rabelo, 32 anos, membro da equipe de apoio do evento, acusa o produtor Helisson Pelegrini, dono da E-Beach Produções, de ter passado um cheque sem fundo. Desde então, o que ouviu foram promessas de pagamento não cumpridas.
Já fomos atrás dele por diversas vezes. Todo dia, fala em um novo prazo. Estava apoiando o festival e acabei saindo apenas com dívidas. O sentimento é de decepção. Tudo não passou de uma farsa
Joviniano Rabelo, que diz ter que arcar com um prejuízo de R$ 2 mil
Quem também vai lamentar muito a virada para 2017 é o produtor de eventos André Luiz Mello, que prestou serviço ao E-Beach Music Festival. Ele diz que a dívida com ele chega a R$ 29 mil. “Fui procurado pelo Helisson Pelegrini para ajudar no evento. Uma das minhas atribuições era auxiliar a distribuição de ingressos em Goiânia. Passei para alguns comissários que conheço. Mas, infelizmente, isso está me dando muita dor de cabeça.”
“Sócias”
No que depender de Helisson Pelegrini, os fornecedores não devem receber. Ao ser questionado pelo Metrópoles sobre a situação, o produtor disse que contatou um advogado e foi informado que, “juridicamente, todas as marcas vinculadas ao festival também são sócias da E-Beach. Portanto, assim como nós, eles devem arcar com eventuais prejuízos”.
Reembolso e tromba d’água
No entanto, Pelegrini prometeu reembolsar o dinheiro de quem já tinha comprado os ingressos. Segundo ele, o valor dos bilhetes adquiridos via Bilheteria Digital, cartão e PagSeguro já estão sendo devolvidos. Com relação aos clientes que compraram com representantes, ele diz que “70% dos ingressos já foram ressarcidos. O restante será ressarcido até 10 de janeiro”.
Sobre o cancelamento do festival, o produtor criticou o valor cobrado pelo alvará e a baixa procura por ingressos. “A prefeitura de Pirenópolis me cobrou R$ 360 mil pelo alvará. Não sou milionário. Outros pontos contra foram a baixa venda de ingressos e a segurança. De 5 mil, que era a expectativa de público inicial, vendemos apenas 572 ingressos. E devido ao período de chuvas, o rio poderia encher e uma tromba d’água invadir o festival, ameaçando a vida das pessoas. Não poderíamos correr esse risco”.
Pelegrini também falou sobre a acusação de ter emitido um cheque sem fundos. “Esse cheque se refere a outro evento. Não tem nenhuma ligação com o E-Beach Music Festival e se trata de uma situação particular”, finalizou.