Restauradores trabalham para reconstruir obras no Congresso
Peças históricas foram destruídas por terroristas em invasão ao Congresso Nacional no último domingo (8/1)
atualizado
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Após a invasão dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) na Praça dos Três Poderes, restauradores do Congresso Nacional trabalham, nesta segunda-feira (9/1), na reconstrução de obras destruídas. Em atos de terrorismo, vidraças e peças artísticas históricas foram destruídas.
Até o momento, não há um levantamento de todos os materiais que foram demolidos e quanto custará a restauração das peças.
Os servidores do Museu do Senado afirmaram que presentes de países para presidentes da República e parlamentares foram destituídos, como um vaso chinês, uma peça de cerâmica da Hungria, e um ovo de avestruz do Sudão. Além disso, ao menos 46 obras sumiram e continuam sem paradeiro.
Ao Metrópoles, Gilcy Rodrigues Azevedo, chefe do Serviço de Preservação da Câmara dos Deputados, confirmou que o tratamento das peças já começou:
“Foi realizado diagnóstico dos danos das obras e, após a limpeza do local, imediatamente iniciamos os tratamentos. Fizemos a higienização das obras que não sofreram danos e recolhemos para o laboratório de restauração as obras danificadas. Cada obra será tratada conforme sua especificidade. Não tem como prever tempo e custos agora, ainda temos algumas analises a fazer”, afirmou.
Uma das obras que mais preocupava os servidores era a de Athos Bulcão. O painel foi criado no início da década de 70, quando o edifício principal sofreu um acréscimo de 15 metros de largura ao longo de toda a sua fachada posterior. Essa ampliação permitiu restaurar o espaço livre do Salão Verde que estava, na época, ocupado indevidamente por salas de trabalho, segundo a Câmara.
A restauração do painel de Athos Bulcão só vai ocorrer após a liberação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A equipe de restauração aguarda o aval. Recentemente, a peça passou por uma higienização.
De acordo com Gilcy, a Câmara dos Deputados conta com uma Coordenação de Preservação (Cobec), uma equipe de “conservadores e restauradores formados na área, especialistas e prontos atender de imediato salvamento dos bens em situação de risco, inclusive vandalismo”.
“Isso nos auxiliou na resposta rápida e na recuperação adequada dos bens que integram a história e a memória do país”, disse a servidora.
Por enquanto, não existe avaliação do valor da reconstrução dessas obras, tombadas como patrimônio histórico e de necessária preservação. Só o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, custou mais de R$ 18 milhões para ser construído, em uma obra que durou dois anos. No entanto, os móveis e obras de arte presentes em seu interior são únicos e inestimáveis.
Da mesma forma, os objetos presentes nos palácios do STF, onde ficam os ministros do Judiciário, além do Congresso Nacional – Casa do Poder Legislativo, contavam com valores incalculáveis. Muitos objetos foram saqueados e destruídos pelos criminosos que invadiram e depredaram os prédios em Brasília.
Obras destruídas
No Palácio do Planalto, uma das obras de arte destruídas pelos apoiadores de Bolsonaro foi o quadro “As Mulatas”, de Di Calvalcanti, estimada em R$ 8 milhões de reais. A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto afirma que “ainda não é possível ter um levantamento minucioso de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas”.
A escultura de bronze “O Flautista”, de Bruno Jorge, avaliada em R$ 250 mil, foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão onde ficava instalada.
Vandalismo em Brasília
Em atos terroristas, apoiadores do ex-presidente invadiram os prédios do STF, Palácio do Planalto, Congresso Nacional e ministérios.
Os vândalos foram retirados da Praça dos Três Poderes por equipes da Força Nacional e da Polícia Militar do Distrito Federal.
O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decretou intervenção federal na segurança pública para conter atos terroristas como os registrados nesse domingo.