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Resgatado no RS: “Trancou a gente no quarto, dizendo que ia matar”

Em áudio que chegou às mãos da PRF, um trabalhador resgatado no Rio Grande do Sul fala de ameaças de morte, spray de pimenta e fuga

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Reprodução/Polícia Federal
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1 de 1 quarto-vinicola-trabalho-analogo-escravidao-metropoles - Foto: Reprodução/Polícia Federal

Um áudio obtido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostra o desespero de um trabalhador resgatado em situação análoga à escravidão no Rio Grande do Sul no último dia 23 de fevereiro. Uma operação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego e da Polícia Federal (PF) liberou 207 pessoas que atuavam como terceirizados em vinícolas de Bento Gonçalves.

Um homem, no áudio, confirma que são da Bahia e foram trabalhar no Rio Grande do Sul. “Estamos trabalhando nas piores condições”, diz.

Empregados pela Fênix Prestação de Serviços, que operava de forma terceirizada em vinícolas, como Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi, três homens decidiram, no dia 21 de fevereiro, enviar um vídeo no grupo de WhatsApp da empresa para denunciar as condições de trabalho. Na gravação, o trio, encharcado, revela o prato de comida que havia recebido: arroz, feijão e frango com aspecto estragado. Os responsáveis não gostaram e, por isso, veio a punição.

“Eles entraram no quarto, trancou a gente e bateu spray de pimenta no rosto. Nos espancaram com cadeira, me deram choque. Eu estou aqui todo quebrado. Trancou a gente no quarto, dizendo que ia matar a gente. A gente fugiu pela janela. A gente está dentro do mato escondido. Estamos pedindo socorro”, conta o homem, em tom desesperado, em áudio obtido pela PRF e divulgado pelo G1.

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Eles recebiam comidas estragadas e apanhavam de funcionários da empresa
O MPT colheu depoimentos dos resgatados no RS
Cerca de 150 homens foram flagrados em situação degradante, segundo a corporação
Banheiro do local onde trabalhadores foram resgatados no RS
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Trabalhadores denunciaram vinícola no RS por situação análoga à escravidão

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Eles recebiam comidas estragadas e apanhavam de funcionários da empresa

Porthus Junior/Agencia RBS
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O MPT colheu depoimentos dos resgatados no RS

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Cerca de 150 homens foram flagrados em situação degradante, segundo a corporação

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Banheiro do local onde trabalhadores foram resgatados no RS

A pessoa também afirma que o celular no qual estavam as provas dos maus-tratos foi confiscado, assim como os documentos. Ele ainda fala que o responsável pela contratação era alguém de nome “Pedro”. A polícia investiga se é o empresário Pedro Augusto Oliveira de Santana que contrataria os trabalhadores terceirizados.

A investigação começou, segundo a PRF, quando três trabalhadores que estavam no local procuraram os policiais em uma das unidades, em Caxias do Sul. Na delegacia, eles informaram aos agentes que tinham acabado de fugir de um alojamento onde eram mantidos contra a vontade deles.

O áudio reforça os depoimentos de três homens resgatados. Ao Ministério Público do Trabalho (MPT) um deles informou ter escutado uma ordem de “matar os trabalhadores baianos”. Ele relata que, na véspera da fuga, foi encurralado por quatro seguranças, que o espancaram com cabo de vassoura, usaram spray de pimenta e o morderam.

De acordo com os depoimentos das vítimas, eles não recebiam as quantias que lhes eram prometidas nos respectivos dias, sofriam violência física, tinham longas jornadas de trabalho e alimentos estragados. Eles também relataram que sofriam coação para permanecer no local, sob pena de pagamento de uma multa por quebra do contrato de trabalho.

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