“Requintes de crueldade”, diz delegado sobre morte de venezuelana
A artista venezuelana Julieta Inés Hernández Martínez foi agredida, roubada e abusada sexualmente antes de ser assassinada no Amazonas
atualizado
Compartilhar notícia
O casal Thiago Agles da Silva, 32 anos, e Deliomara dos Anjos Santos, 29, suspeitos pela morte da artista venezuelana Julieta Inés Hernández Martínez, 38, vão responder por latrocínio, estupro e ocultação de cadáver. O delegado-geral adjunto da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), Guilherme Torres, afirmou, durante coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (8/1), que o caso foi “praticado com requintes de crueldade”.
O Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJ-AM) determinou a prisão preventiva dos suspeitos.
Quem era Julieta Martínez
Nas redes sociais, Julieta compartilhava viagens pelo Brasil e apresentações artísticas. Ela se definia como nômade, palhaça, bonequeira e cicloviajante.
Segundo a Polícia Civil, Julieta deixou o Rio de Janeiro há dois anos com o intuito de atravessar o Brasil até chegar à cidade de Puerto Ordaz, na Venezuela, onde a mãe mora.
O crime
Na última quinta-feira (4/1), amigos de Julieta registraram um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento da artista. O último contato dela com a família teria sido em 23 de dezembro, por volta da meia-noite.
Julieta Martínez informou que procuraria uma pensão para dormir no município de Presidente Figueiredo, cerca de 120 km de Manaus e, no dia seguinte, seguiria para Rorainópolis, em Roraima.
“Diante dessa informação, nós nos deslocamos até as pousadas da região a fim de obter notícias sobre o paradeiro dela. Já na manhã de sexta-feira [5/1], fomos até o refúgio e localizamos Thiago, que disse que a mulher havia pernoitado no local e seguido para a rodovia”, contou o delegado Valdinei Silva, titular da 37ª DIP.
Segundo o investigador, no mesmo dia, um morador informou aos policiais que encontrou partes da bicicleta de Julieta nas proximidades da casa do casal de suspeitos. Quando os agentes chegaram ao local, Thiago tentou fugir, mas acabou capturado. Ele e a esposa prestaram depoimento, mas entraram em contradição e confirmaram a autoria do crime.
“A vítima estava dormindo em uma rede na varanda do local, quando Thiago pegou uma faca e foi até ela para roubar seu aparelho celular. Eles entraram em luta corporal, ele a enforcou, a jogou no chão e pediu que Deliomara amarrasse os pés dela. Em seguida, ele a arrastou para dentro da casa, pediu que a esposa apagasse as luzes e passou a abusar sexualmente da vítima”, detalhou o delegado.
Depois de presenciar o abuso, Deliomara jogou álcool no marido e na vítima e ateou fogo. Thiago conseguiu apagar as chamas e foi até uma unidade hospitalar receber atendimentos médicos.
Julieta, no entanto, acabou sendo enforcada pela suspeita com uma corda, e o corpo, enterrado no quintal.
O corpo da artista e outros pertences foram encontrados com o apoio do Corpo de Bombeiros e de cães farejadores.