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Reoneração causa descontentamento de sindicatos, Congresso e patrões

Parte do Congresso defende a devolução da MP da Reoneração ou que seja rejeitada. Proposta foi apresentada pelo ministro Haddad, da Fazenda

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Fernando Haddad em coletiva e-commerce
1 de 1 Fernando Haddad em coletiva e-commerce - Foto: Vinicius Schimid/Metrópoles

A proposta do ministro Fernando Haddad (Fazenda) de reoneração gradual da folha de pagamentos de 17 áreas da economia tem causado descontentamento entre patrões e sindicatos, além do Congresso, que ameaça derrubar ou até mesmo devolver a proposta ao Poder Executivo. A reação é uma das brigas que o governo federal terá de enfrentar logo no início do ano.

Na sexta-feira (29/12), o governo editou uma medida provisória (MP) com a reoneração gradual da folha, setor por setor. A MP substitui a desoneração da folha (que havia sido estendida por lei até 2027), após uma queda de braço entre o governo e parlamentares.

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Fernando Haddad ao lado de sua equipe econômica
Após derrubada de veto, Haddad propõe reoneração gradual da folha
Presidente do Senado Rodrigo Pacheco já foi comparado a Juscelino
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal
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Fernando Haddad ocupa Ministério da Fazenda do Governo Lula

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Entenda medidas de Haddad para equilíbrio fiscal; MP é publicada

Depois de aprovar um projeto de lei que prorrogava a desoneração da folha por mais quatro anos, o Congresso recebeu um veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que alegou inconstitucionalidade da norma.

Em meados de dezembro, os parlamentares derrubaram o veto e a lei foi promulgada nesta semana, sem assinatura de Lula. Como o Congresso analisa vetos parciais ou totais do presidente da República, cabe a ele dar a palavra final sobre as proposições que aprova e remete à sanção.

As reações à MP da Reoneração

Além de uma manifestação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciando que analisará a questão nos primeiros dias de janeiro, sindicatos e os setores têm se manifestado contra a MP.

“Uma medida provisória sem discutir com ninguém pode levar que a discussão seja interditada”, disse, pelas redes sociais, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em TI de São Paulo, Antonio Neto.

O sindicalista fez um apelo a Haddad para que envie a medida em forma de projeto de lei. No caso da MP, há força de lei e vigência imediata a partir de sua publicação. A medida ainda precisa do aval do Congresso dentro de até 120 dias (quatro meses), prazo que será contado após a retomada dos trabalhos legislativos, em fevereiro.

A discordância sobre a forma de tramitação da proposta também é rechaçada por outros interessados na questão, que veem uma imposição por parte do governo e desrespeito à decisão legislativa.

O Movimento Desonera Brasil, que reúne representantes dos 17 setores beneficiados, avaliou que a medida não é, em absoluto, “razoável” e traz insegurança jurídica para as empresas e os trabalhadores já no primeiro dia do ano de 2024. Além disso, o grupo defendeu que alternativas sejam apresentadas sob a forma de projetos de lei, discutidos com menos celeridade que as MPs.

Centrais sindicais pedem uma reunião com Haddad no começo de janeiro. O titular da pasta econômica estará de férias, já autorizadas, no início desse mês. Ele ficaria fora entre 2 e 12 de janeiro, mas repartiu seu período de descanso para participar do ato de 8 de janeiro.

Presidente do Senado vai reunir líderes

Em nota, Pacheco citou “estranheza sobre a desconstituição da decisão recente do Congresso Nacional sobre o tema”. Ele adiantou que deverá reunir os líderes partidários da Câmara e do Senado, no início de janeiro, para ouvi-los sobre a questão.

“Há também um contexto de reação política à sua edição que deve ser considerado, de modo que também será importante reunir os líderes das duas Casas para ouvi-los, o que pretendo fazer nos primeiros dias de janeiro. Somente depois de cumprir essas etapas é que posso decidir sobre a sua tramitação no Congresso Nacional, ou não”, completou Pacheco.

A Frente Parlamentar do Empreendedorismo havia pedido para Pacheco devolver a medida. O presidente da FPE, deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA), chamou a publicação da MP uma “afronta ao Poder Legislativo” por parte do governo federal.

Na quinta-feira (28/12), ao anunciar a medida, o ministro da Fazenda rebateu a tese de que estaria “afrontando” o Congresso: “Não existe isso. O que existe, desde o começo, é o discurso oficial da AGU (Advocacia-Geral da União), do Ministério da Fazenda, da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) de que a matéria, da maneira como estava sendo tratada, era inconstitucional”.

Ao estabelecer uma reoneração gradual, a medida revoga a recente lei que prorrogou a desoneração. Os efeitos da MP começam a valer em 1º de abril de 2024, o que significa que, até lá, continua valendo a desoneração da folha. A articulação política do governo pretende convencer os parlamentares a aprovar a medida antes do início de abril.

Entenda

Na prática, a desoneração representa uma redução nos encargos trabalhistas pagos pelas empresas dos setores indicados no projeto. No padrão atual, essas companhias pagam 20% na contribuição previdenciária, como é conhecida a folha de salários. Já com a regra diferenciada, as empresas pagam de 1% a 4,5% incidindo na receita bruta.

A desoneração começou a ser implementada no primeiro governo de Dilma Rousseff (PT), em 2011, para estimular a geração de empregos, e teve sucessivas prorrogações desde então.

Buscava-se aliviar encargos para 17 setores da economia. Entre eles indústrias têxtil, de calçados, máquinas e equipamentos e proteína animal, construção civil, comunicação e transporte rodoviário. Esses setores somam cerca de 9 milhões de trabalhadores.

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