Papa pede respeito a índios e diz que ideologias são armas perigosas
Na abertura do Sínodo, Francisco fez mea-culpa e disse que a Igreja, no passado, acabou por “menosprezar” povos e culturas
atualizado
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No discurso de abertura dos trabalhos do Sínodo dos Bispos Sobre a Amazônia, na manhã desta segunda-feira (07/10/2019), o papa Francisco recordou o tempo em que a Igreja Católica procurou catequizar povos indígenas, cobrou respeito às diferentes culturas e afirmou que “as ideologias são uma arma perigosa”.
Para o pontífice, colonizações ideológicas “destroem ou reduzem as idiossincrasias das pessoas” e esse tipo de conduta é um risco, pois não se pode “domesticar os povos nativos”. Francisco fez um mea-culpa, afirmando que a própria Igreja, quando se esqueceu disso, acabou por “menosprezar” povos e culturas.
“(As ideologias) são redutivas e nos levam ao exagero em nossa pretensão de entender intelectualmente, mas sem aceitar, entender sem admirar, receber a realidade em categorias, em ‘ismos’. Quando precisamos nos aproximar da realidade de algumas pessoas nativas, falamos sobre indigenismos e, quando queremos dar a eles uma pista para uma vida melhor, não perguntamos, falamos sobre desenvolvimentismo”, disse o pontífice.
Francisco afirmou que é preciso abordar os povos amazônicos “respeitando sua história, suas culturas e seu estilo de vida”.
“Porque todos os povos têm sua própria sabedoria, autoconsciência. Os povos têm sentimento, uma maneira de ver a realidade, uma história e tendem a ser protagonistas de suas histórias com essas qualidades”, disse.
O papa destacou que o encontro dos religiosos no Vaticano tem quatro dimensões: pastoral, cultural, social e ecológica.
“A dimensão pastoral é o essencial, que abrange tudo. Nos aproximamos com um coração cristão e vemos a realidade da Amazônia com os olhos de um discípulo para entendê-la e interpretá-la porque não há hermenêutica neutra, hermenêutica asséptica.”