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CNBB aprova diretrizes para igreja se tornar mais urbana e missionária

As orientações falam também de uma igreja acolhedora, que se transforme em “casa” principalmente para os mais vulneráveis

atualizado

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Daniel Flores/CNBB
assembleia geral da CNBB
1 de 1 assembleia geral da CNBB - Foto: Daniel Flores/CNBB

As diretrizes aprovadas na sexta-feira (03/05/2019), na 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida, interior de São Paulo, apontam para uma Igreja Católica mais urbana e missionária neste quadriênio que se encerra em 2023.

As orientações falam também de uma igreja acolhedora, que se transforme em “casa” principalmente para os mais vulneráveis, como jovens e idosos. “O eixo fundamental das diretrizes é recuperar o sentido da Igreja como casa”, disse o arcebispo de Porto Alegre, dom Leomar Antonio Brustolin, da comissão de redação do tema central da conferência.

57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ocorreu em Aparecida, interior de São Paulo Foto: Hélvio Romero/Estadão

A orientação é dada após a crise enfrentada pela Igreja com denúncias de abusos sexuais praticados por membros do clero contra menores, inclusive no Brasil. “A descartabilidade das pessoas também nos faz pensar qual é nossa casa, não como construção, mas como lar.”

Um dos pilares quatro pilares que sustentam a igreja, segundo dom Leomar, é a ação missionária “para que essa casa não fique de portas fechadas, mas se abra para que outras pessoas possam entrar e a gente possa sair ao encontro com o outro”.

Segundo ele, o rumo decidido para a Igreja brasileira é de olhar em primeiro lugar para o mundo urbano que, conforme definiu, não é só a cidade. “Onde entram a internet e a energia elétrica, lá está a realidade urbana, marcada por tanto sinais positivos, avanços tecnológicos, mas também com preocupações, contradições e ambiguidades. O olhar do missionário deve levar em conta as grandes transformações que estamos vivendo.”

Conforme dom Leomar, a CNBB se preocupa com a questão da pessoa em seu individualismo, solidão e anonimato. “Nossas comunidades, na Igreja têm um desafio enorme de combater o suicídio nesse país. A grande questão é a crise do sentido da vida.

Também devem propor uma experiência de igreja que seja mais comunitária. “Há uma tendência natural nesse momento de viver a religião de forma mais privatizada. As pessoas têm muitas escolhas e nem sempre preferem o encontro com o outro. Todas as diretrizes insistem na formação de comunidades eclesiais missionárias, pequenas comunidades onde a pessoa sai do anonimato da solidão, se converte e testemunha numa sociedade cada vez mais plural”.

A maior preocupação da Igreja, segundo ele, não é com o número de cristãos, mas a qualidade do testemunho desses cristãos onde eles estão. “O desafio é ser testemunho do Evangelho da alegria. Dar uma notícia mais alegre, não só condenatória, não só de preocupações, mas de muita esperança também”.

Na questão da sociedade, foram considerados os pontos relativos à ética, ou à falta de ética, na economia, na política, na cultura. “São os desafios que nós temos para tornar nossa sociedade mais justa e fraterna. É bom lembrar que nos baseamos muito na doutrina social da Igreja que prevê o humanismo integral e solidário, para todas as pessoas, do nascituro até aquele que está para morrer.”

Além da ação missionária, foram definidos como “pilares” para a ação evangelizadora da Igreja brasileira a palavra, o pão e a caridade. “Partimos sempre da ideia do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. Até mesmo as polarizações que aparecem nas redes sociais nem sempre partem do que o Evangelho diz, partem muito mais de opiniões, mesmo se dizendo cristãs”, disse o arcebispo.

O pão, segundo ele, deve ser entendido como liturgia e espiritualidade. “Aqui é um pouco uma novidade em relação às diretrizes interiores. O discípulo respeita as devoções, mas não fica só nelas. O foco principal é o seguimento de Jesus Cristo celebrado na liturgia como uma espiritualidade profunda que visa a uma santidade, mas uma santidade que se preocupa com tudo ao nosso redor”.

Ao se referir à caridade, dom Leomar lembrou o empenho da Igreja na promoção da vida. “A nossa resposta profética é continuar nos preocupando com aqueles que não tem voz, não tem vez, os que mais sofrem e desenvolver ainda mais o caminho da defesa da vida em todos os sentidos”.

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