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Relembre cinco polêmicas entre o ex-juiz Sergio Moro e Lula

A decisão de liberar diálogos de integrantes da Lava Jato para a defesa do ex-presidente é mais um round do “duelo” entre os dois

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Heinrich Aikawa/Fábio Rodrigues Pozzebom
Em fotos coloridas, o presidente Lula e o ex-juiz e atual senador Sergio Moro
1 de 1 Em fotos coloridas, o presidente Lula e o ex-juiz e atual senador Sergio Moro - Foto: Heinrich Aikawa/Fábio Rodrigues Pozzebom

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar divulgação das mensagens colhidas no âmbito da Operação Spoofing com a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mais um capítulo de um “duelo” entre o petista e o ex-juiz Sergio Moro. Na terça-feira (9/2), a Segunda Turma, pelo placar em 4 a 1, deu ao ex-chefe do Executivo nacional o direito de acesso a diálogos de integrantes da força-tarefa da Lava Jato.

A relação entre Moro e Lula é conturbada desde que o petista virou alvo da Lava Jato. Lula acusa Moro de agir para tirá-lo do jogo político e Moro acusa Lula de ter participado do maior esquema de corrupção do mundo. A seguir as cinco principais divergências entre os dois.

1. Escutas

Em 16 de março de 2016, o então juiz Sérgio Moro liberou o sigilo de uma conversa telefônica entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual ela garantia que ele seria nomeado ministro da Casa Civil para evitar que ele fosse preso.

Com a nomeação, Moro perderia o direito de decidir sobre o destino de Lula e o caso subiria para o Supremo Tribunal Federal (STF). A divulgação dos áudios levou o STF a proibir a nomeação de Lula para o ministério por entender que se tratava apenas de uma manobra jurídica.

Moro alega que os diálogos de Lula com pessoas com foro (Dilma, no caso) foram colhidos apenas fortuitamente no curso do processo e que as escutas, portanto, são legais. Ele já pediu desculpas públicas pela divulgação dos áudios.

2. Família

Outro episódio de embate entre Lula e Sérgio Moro também envolveu a divulgação de escutas telefônicas. A Lava Jato capturou conversas da ex-primeira-dama Marisa Letícia com sua nora e seu filho Fabio Luis, conhecido como Lulinha.

Nos diálogo, Marisa falava vários palavrões e atacava manifestantes que protestaram batendo panela das varandas de seus apartamentos após a exibição do programa partidário do PT que teve Lula como protagonista, no dia 17 de março de 2016.

Marisa sugeriu “que as pessoas enfiassem as panelas no c…”. A defesa de Lula atacou Moro por incluir essas conversas entre os arquivos liberados pelo então juiz da Lava Jato, uma vez que seus familiares não eram investigados, o que teria servido para estimular ainda mais protestos. Moro nunca comentou sobre o tema.

3. Prisão

No dia 5 de abril de 2018, o então juiz Sérgio Moro pediu a prisão de Lula para cumprir pena no caso do tríplex do Guarujá. O episódio foi o ápice da disputa entre Moro e o líder do PT. Lula se refugiou na sede do sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP) e cercado por apoiadores levou horas para se entregar.

Antes, fez um discurso atacando a decisão do juiz na tentativa de impor uma narrativa de que era um preso político. Ele foi condenado por receber um apartamento da empreiteira OAS em troca de ajuda no governo. Moro determinou que Lula fosse levado para Curitiba. Ele ficou 580 dias preso numa sala nas dependências da Polícia Federal.

Ele pode voltar para a cadeia após a sentença transitar em julgado (não haver mais chance de recurso), o que tem a possibilidade de levar anos.

4. Ministério

Em janeiro de 2019, Moro deixou 22 anos de magistratura ao aceitar integrar o primeiro escalão do governo do presidente Jair Bolsonaro. Ele aceita assumir o Ministério da Justiça. Bolsonaro foi eleito justamente com a bandeira anti-PT e anti-Lula.

Para os petistas, a decisão de Moro de seguir com Bolsonaro, é uma prova de que toda a atuação dele na Lava Jato foi direcionada para destruir Lula e tirar o seu grupo do poder. Moro alegou que o Ministério da Justiça era uma forma de conseguir aprovar projetos que ajudassem no combate à corrupção.

Em 24 de abril de 2020, ele rompeu com Bolsonaro e pediu demissão alegando que o governo retroage nessa agenda contra a corrupção. No meio disso, um hacker interceptou conversas em aplicativos de mensagens de integrantes da Lava Jato com Moro que sugerem que juiz (a quem cabe julgar) e procuradores (que atuam como acusação) agiam juntos, portanto, sem isenção.

5. Suspeição

Lula tentou convencer o STF que Moro agiu com parcialidade no julgamento dos casos o envolvendo e pede que os processos sejam todos anulados. Nesta terça-feira (9/2), Lula conseguiu uma vitória ao ter o direito de acessar todas as conversas trocadas entre Moro e os procuradores da Lava Jato.

Com isso, o petista tenta obter provas de que as ações da maior operação de combate à corrupção do mundo foram todas com o objetivo de tirar o PT do jogo político. Moro e procuradores da Lava Jato dizem não reconhecer as conversas hackeadas e que agiram com isenção.

O STF deve decidir ainda neste ano quem está com a razão. Se Lula conseguir essa vitória, todos os processos contra ele podem ser anulados e ele terá seus direitos políticos, que foram cassados, de volta. O que permite que dispute a eleição presidencial de 2022.

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