Relatório sobre Covid foi alterado ao chegar a Bolsonaro, diz auditor
Presidente alegou que levantamento do TCU apontava que o número de mortes por Covid-19 em 2020 foi cerca de metade do valor registrado
atualizado
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O relatório divulgado por Jair Bolsonaro (sem partido) com informações falsas sobre a Covid-19 foi alterado após ser recebido pelo presidente. A informação foi dada por um auditor do Tribunal de Contas da União, órgão apontado pelo chefe do Executivo como fonte do documento. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Em conversa com apoiadores no dia 7 de junho, Bolsonaro disse que “um relatório do TCU” apontava que o número de mortes por Covid-19 em 2020 havia sido cerca de metade do valor registrado.
O auditor que fez a acusação, Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, responde a um processo administrativo disciplinar por ter elaborado o “relatório”. O seu depoimento a uma comissão dentro do órgão foi compartilhado com a CPI da Covid-19 e, diante da gravidade do assunto, ele será ouvido na comissão nesta terça-feira (17/8).
O relatório falso
Alexandre afirmou em depoimento que o documento passou por uma edição e foi alterado. Marques é filho do coronel da reserva Ricardo Silva Marques, colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e que foi indicado a uma diretoria na Petrobras. O auditor revelou ter enviado o arquivo do relatório, via WhatsApp, ao pai, que teria repassado o mesmo arquivo ao presidente.
“Quando eu vi o pronunciamento do presidente Bolsonaro, eu fiquei totalmente indignado, porque achei totalmente irresponsabilidade o mandatário da nação sair falando que o tribunal tinha um relatório publicado, que mais da metade das mortes por Covid não era por Covid. Eu achei uma afronta a tudo que a gente sabe que acontece, a todas as informações públicas, à ciência”, disse Marques.
No depoimento, prestado à Corregedoria do TCU, no dia 28 de julho, o auditor disse acreditar que o documento foi editado, possivelmente quando chegou à Presidência da República. Segundo ele, tratava-se de um arquivo em Word, sem identidade visual, logomarcas, datas ou assinatura do tribunal.