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Relatório do governo sobre economia gerada por vacinação descarta Coronavac e Covaxin

Estimativa de economia de R$ 150 bilhões cita só imunizantes da Pfizer a da AstraZeneca. Documento também não menciona Sputnik V e Janssen

atualizado

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Ministério da Saúde
1 de 1 Ministério da Saúde - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Uma estimativa de economia de gastos do governo federal com a vacinação da população brasileira contra a Covid-19 não levou em consideração quatro imunizantes: Coronavac (China), Covaxin (Índia), Sputnik V (Rússia) e Janssen (EUA).

Neste sábado (26/6), o Ministério da Saúde divulgou que uma análise técnica feita pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde (SUS), vinculada à pasta, prevê uma economia de até R$ 150 bilhões com a imunização da população com as vacinas da AstraZeneca/Fiocruz e da Pfizer/Biontech.

De acordo com o Ministério da Saúde, o relatório foi produzido com base em evidências científicas e publicações de análises interinas, reconhecidas nacional e internacionalmente, sobre a eficácia, segurança e efetividade das duas.

“A avaliação econômica demonstrou-se favorável à vacinação, com ambas as vacinas. A AstraZeneca/Fiocruz teve menor custo e maior eficácia em relação à não vacinação e a vacina da Pfizer/Biontech resultou em 100% das simulações com valor abaixo de um limiar conservador e foi considerada custo-efetiva”, diz trecho do relatório.

Sobre o documento, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que os dados “mostram que o nosso trabalho é feito com base em critérios técnicos e científicos na aquisição e incorporação de vacinas Covid-19”.

O Metrópoles entrou em contato com o Ministério da Saúde para questionar por que o relatório não faz menções aos demais imunizantes. O espaço está aberto para manifestações.

As vacinas

Dos quatro imunizantes, ao menos três sofrem ou já sofreram resistência do governo ou dificuldades para serem aprovados junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

  • Coronavac

Em outubro do ano passado, após o Ministério da Saúde anunciar um acordo com o Instituto Butantan para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, o presidente Jair Bolsonaro mandou suspender a aquisição, afirmando que o governo não compraria vacina da China.

Na mesma ocasião, Bolsonaro se referiu à Coronavac como “a vacina chinesa de João Doria” e disse que “o povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.

  • Sputnik V

No caso do imunizante russo, a Anvisa autorizou, no início do mês, a importação excepcional de doses da Sputnik V em quantidade restrita a 1% da população de cada um dos seis estados solicitantes: Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí. São, no total, 928 mil imunizantes.

No entanto, a agência não concedeu autorização de uso emergencial da vacina russa. O pedido foi feito pela empresa União Química, que quer produzir a Sputnik V no Brasil, mas o prazo de análise para uso emergencial está suspenso e depende de informações completas do laboratório — que serão analisadas separadamente pela Anvisa.

  • Covaxin

Na mesma ocasião em que a Anvisa aprovou a importação excepcional da Sputnik, também foi aprovado o mesmo modelo para a indiana Covaxin.

O imunizante recebeu autorização de importação para 4 milhões de doses, que serão entregues ao Ministério da Saúde. De acordo com a agência, o gerenciamento de doses foge da competência da Anvisa. As negociações acontecem diretamente entre o Ministério da Saúde e os estados.

Apesar do aval excepcional da agência reguladora, o contrato fechado para a compra da Covaxin passou a ser alvo de investigação da CPI da Covid, que apura por que o governo agilizou os trâmites na compra da vacina indiana. Segundo um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério da Saúde levou 97 dias para fechar o contrato da Covaxin, enquanto demorou 330 dias para ter um acordo com a Pfizer.

Além disso, de acordo com documentos do TCU, a vacina indiana Covaxin foi a mais cara negociada pelo governo federal, custando R$ 80,70 a unidade. O valor é quatro vezes maior que o da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a AstraZeneca, por exemplo.

O contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos para compra da Covaxin foi o único acordo do governo que teve um intermediário sem vínculo com a indústria de vacinas – o que foge do padrão das negociações e contratos de outros imunizantes.

O Ministério da Saúde firmou um contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses. O valor ainda não foi pago, mas está empenhado (reservado para desembolso), e as doses não foram importadas para o Brasil.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alertado sobre as supostas irregularidades. Durante sessão da CPI na noite dessa sexta-feira (25/6), o nome do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) foi citado em depoimento do deputado Luís Miranda (DEM-DF).

Segundo Miranda, Barros foi mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como o “dono do rolo” no processo de negociação da Covaxin.

  • Janssen

Nesta semana, o Brasil recebeu 3 milhões de doses da vacina da Janssen, do grupo Johnson & Johnson. O imunizante é aplicado em dose única. As doses foram doadas pelos Estados Unidos.

Além dos lotes de doação que desembarcaram nesta sexta e sábado, o Brasil recebeu 300 mil imunizantes da Janssen na quinta-feira e 1,5 milhão na terça. Essas doses foram compradas pelo governo brasileiro, que prevê a entrega de 38 milhões provenientes do acordo com a farmacêutica.

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