Relatório da PF aponta que 8/1 justificaria golpe: “Evento disparador”
Relatório da PF divulgado nessa terça-feira (26/11) aponta tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito e golpe de Estado
atualizado
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Um relatório da Polícia Federal (PF) apontou que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram resultado de uma incitação planejada por golpistas ligados ao ex-presidente, com o objetivo de justificar um golpe de Estado.
O documento mostra o general da reserva Mario Fernandes dizendo ao general Marco Antônio Freire Gomes sobre um “evento disparador” para efetuar o golpe.
“E talvez o sr. concorde comigo, comandante, quanto ao fato de que as atuais manifestações tendem a recrudescer, propiciando eventos disparadores a partir da ação das forças de segurança contra as massas populares, com uso de artefatos como gás lacrimogêneo e Gr (granada) de efeito moral. Tudo isto, bem próximo ou em nossas áreas militares!”, afirma Mario Fernandes em uma das mensagens.
Veja:
De acordo com o documento, as mensagens incitam, “claramente, o comandante do Exército a aderir a um golpe de Estado, indicando um “evento disparador” como no passado, possivelmente, fazendo referência ao golpe de Estado de 1964. Tentou-se esse evento disparador no 8 de janeiro de 2023″.
Golpe de Estado
A Polícia Federal indiciou, na quinta-feira da semana passada (23/11), o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em plano de golpe de Estado. A acusação inclui crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe e organização criminosa. Entre os indiciados estão ex-ministros, militares e ex-assessores presidenciais.
A apuração da PF revelou o plano denominado Punhal Verde Amarelo, que previa o assassinato de figuras centrais do governo e da Justiça, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB); e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A PF aponta que Bolsonaro sabia da existência do plano.
Os envolvidos no plano, conhecidos como “kids pretos”, utilizavam técnicas militares para organizar as ações. Esse grupo era composto por integrantes das Forças Especiais do Exército e articulava medidas para atingir seus objetivos em novembro e dezembro de 2022.