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Relatório da CPI da Covid cita experimentos nazistas ao falar da Prevent Senior

Em capítulo de considerações éticas, a minuta lembra diretrizes do Código de Nuremberg para a realização de estudos com humanos

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Prevent Senior SP
1 de 1 Prevent Senior SP - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

A minuta do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid destinou um capítulo para falar da Prevent Senior. Na parte que trata de conceitos éticos, o documento cita o Código de Nuremberg ao dizer que o Brasil obedece a diretrizes para fazer estudos científicos com seres humanos.

O alerta antecede os depoimentos concedidos por pessoas que acusam a operadora de saúde de usar “cobaias” humanas para testar medicamentos sem comprovação científica contra o coronavírus.

“No Brasil e em todo o mundo há exigências para realização de estudos científicos com seres humanos. Tais diretrizes éticas constam do Código de Nuremberg, de 19 de agosto de 1947. Esse documento foi publicado em razão do julgamento de 23 pessoas – das quais 20 eram médicos – que participaram ativamente das experimentações nazistas durante a Segunda Guerra Mundial”, diz o relatório.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, ainda cita em seu parecer uma entrevista dada pelo diretor executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito, em maio de 2020. Na ocasião, Benedito afirmou: “Criamos uma metodologia de estudo científico que permitisse analisar a evolução dos pacientes antes que chegassem a um estado grave”.

Além disso, 12 médicos denunciaram à CPI a suposta prática da empresa de coagir médicos a receitarem o kit Covid para tratamento da doença. Os profissionais da saúde também eram pressionados a aplicar medicamentos sem o consentimento dos pacientes. Era feito o uso de hidroxicloroquina e ivermectina. Os dois remédios não têm eficácia comprovada contra a doença.

“Cobaias”

A advogada ressaltou em depoimento que a maioria dos pacientes da Prevent Senior era idosos e que eles eram feitos de “cobaias”: “Eles não sabiam que seriam feitos de cobaia; eles sabiam que iriam receber um medicamento. São coisas diferentes”, disse.

Entre a citação de depoimentos, histórias de pacientes, condutas não autorizadas, o relatório dispõe de mais de 50 páginas apenas sobre as práticas da empresa. A consideração é que ainda há muito a ser investigado sobre a operadora de saúde, sua possível ligação com o governo federal e o teste de medicamentos em pacientes.

“A Prevent Senior continuou a propagar o uso do kit Covid, mesmo que não houvesse nenhuma evidência da eficácia da hidroxicloroquina e azitromicina para combater o coronavírus. Pior ainda é que abundam evidências que a empresa passou a experimentar os variados medicamentos e tratamentos em seus pacientes, em um frenesi incontrolável de pseudociência”, diz na minuta.

Assim, o documento expõe haver fortes indícios de que a Prevent Senior violou regras éticas elementares ao lidar com seus clientes. “Regras éticas existem para proteger o paciente”, diz, ainda, a minuta do relatório. A empresa nega todas as acusações.

Leitura

Renan lerá o parecer sobre o que foi apurado na sessão desta quarta-feira (20/10). A votação será em 26 de outubro. Nesta terça-feira (19/10), ocorreu o último depoimento aos senadores.

O relatório tem 72 pedidos de indiciamentos. Entre os nomes estão o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seus filhos Carlos (Republicanos-RJ), Flávio (Patriota-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), além de três ministros e dois ex-ministros. O documento tem 1.178 páginas. Nele, há também congressistas, empresas e seus dirigentes, médicos, pesquisadores e influenciadores bolsonaristas. Saiba quem deve ser indiciado pela comissão.

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