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Relato de mãe: Jairinho agrediu criança em passeio de 10 minutos

Em depoimento à polícia, Débora Saraiva descreveu ataque a seu filho de 3 anos que chegou a ter a boca tampada por papel e pano

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Reprodução/ Jornal O Dia
PCRJ indicia Jairinho por tortura a outra criança. Garoto de 3 anos usou gesso por dois meses
1 de 1 PCRJ indicia Jairinho por tortura a outra criança. Garoto de 3 anos usou gesso por dois meses - Foto: Reprodução/ Jornal O Dia

Rio de Janeiro – No relatório do terceiro indiciamento do vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido) por crime de tortura majorada contra o enteado, filho de uma ex-namorada, a Polícia Civil revela que o que seria um passeio rápido, de apenas 10 minutos, virou sessão de espancamento contra o menino.

Neste curto período, o tempo ficou longo e trágico, por deixar marcas e lesões em uma das pernas do garoto, que na época, em 2015, tinha apenas 3 anos.

Assim como nos outros casos, Jairinho pediu para passar um tempo com o menino, numa tentativa de suprir a falta que sentia dos filhos, a quem era impedido de ver pela ex-mulher, Ana Carolina.

No documento, ao qual o Metrópoles teve acesso, a polícia relata as provas e testemunhos da agressão contra a criança e contra a ex-namorada Débora Saraiva, que também é indiciada pelo crime.

No depoimento prestado à polícia, Débora conta que Jairinho não fazia questão da presença de sua filha mais velha “demonstrando sempre um interesse especial em se aproximar do menino”.

Aos investigadores, ela contou com detalhes como aconteceu a agressão contra a criança.

“Jairinho ligou e disse que tinha que ir em uma reunião, que aconteceria em uma casa de festas na Barra da Tijuca e pediu para que o deixasse levar o menino, afirmando que ele poderia ficar brincando, pois no local havia brinquedos. Ele não me convidou e não informou se teriam outras crianças no local. Mas disse que que a Ana Carolina, ex-esposa dele, não havia deixado ele levar o seu filho. Por isso, gostaria de levar meu filho e justificou que ele era como pai pro menino e que não teria nenhum problema em deixar que ele o levasse”, lembra.

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Jairinho, padrasto de Henry Borel Medeiros, ao ser preso por suspeita de participação na morte do garoto
Jairinho e Monique Medeiros, padrasto e mãe de Henry Borel Medeiros, ao serem presos no dia 8 de abril
Jairinho, padrasto de Henry Borel Medeiros, ao ser preso no dia 8 de abril
Jairinho, padrasto de Henry Borel Medeiros, ao ser preso no dia 8 de abril
A mãe do menino, Monique Medeiros, foi presa, também sob suspeita de participar da morte
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Monique Medeiros

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Jairinho, padrasto de Henry Borel Medeiros, ao ser preso por suspeita de participação na morte do garoto

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Jairinho e Monique Medeiros, padrasto e mãe de Henry Borel Medeiros, ao serem presos no dia 8 de abril

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Jairinho, padrasto de Henry Borel Medeiros, ao ser preso no dia 8 de abril

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Jairinho, padrasto de Henry Borel Medeiros, ao ser preso no dia 8 de abril

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A mãe do menino, Monique Medeiros, foi presa, também sob suspeita de participar da morte

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Dr. Jairinho é acusado pela morte do enteado, Henry

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Jairinho é conduzido por policiais

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Monique, mãe de Henry, segue para IML do Rio

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André França, advogado do vereador Jairinho, suspeito da morte do menino Henry, chega à 16ª DP

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André França, advogado do vereador Jairinho, suspeito da morte do menino Henry, chega à 16ª DP

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Dr. Jairinho foi eleito vereador no Rio

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A mãe do menino, Monique Medeiros, foi presa, também sob suspeita de participar da morte

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Dr. Jairinho, padrasto do garoto

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Monique Medeiros, mãe de Henry Borel

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Débora contou, então, que o passeio durou apenas 10 minutos e que seu filho, durante este tempo, foi agredido e lesionado.

“Cerca de aproximadamente 10 ou 15 minutos depois, Jairinho ligou afirmando que acreditava que o menino teria torcido o joelho ao descer do carro, pois ele havia dito “ai”. Cheguei a questionar, que ele estava com o garoto há pouco mais de 10 minutos e ele já havia se machucado. Jairinho orientou que fosse direto para o Centro Médico, que funciona no Barra Shopping, onde eu estava, e que ele levaria meu filho até o local. Cerca de 15 minutos depois, o encontrei já no elevador, carregando o menino no colo, segurando sua perna”, contou

Antes de se machucar, a criança vomitou no carro. O vereador alegou, porém, que ela pisou em falso. Débora revelou ainda que o comportamento da criança estava diferente quando o encontrou, chamando a atenção, por exemplo, para a ausência de choro.

Débora conta que, na clínica, o médico que atendeu o menino o examinou, incluindo exames de imagens constatando que a criança havia “quebrado” o fêmur direito, encaminhando a hospital com atendimento ortopédico de emergência.

“No hospital, ele foi sedado, e fizeram um procedimento para “chegar o osso no lugar”, fizeram uma imobilização com gesso que começava no abdômen, descia por toda a perna fraturada e até a metade da outra perna, estando os gessos das duas pernas unidos por gesso, com abertura apenas para que ele pudesse urinar e defecar. Ele ficou com o gesso por cerca de 02 meses”, declarou a mãe, acrescentando que “mais recentemente, após a prisão de Jairinho, o garoto confessou, ao ver foto do vereador, que havia sido agredido.

“Ele me perguntou: “você sabe o que ele fez comigo?”. Numa noite, em que dormiram “naquele apartamento dele” (residência do vereador em Jacarepaguá) ele e sua irmã acordaram e foram beber água e encontraram o padrasto na sala, acordado. Jairinho lhes deu água e disse para a menina ir dormir e que ele ficaria cuidando garoto. A irmã o chamou, mas Jairinho insistiu que ela fosse dormir. Meu filho contou, então, que o padrasto o colocou deitado no sofá, colocou um papel e um pano em sua boca, dizendo que ele não poderia engolir, e ele mesmo, Jairinho, subiu no sofá, colocou o pé em sua barriga e colocou todo o peso do corpo em sobre ele”, completou Débora.

A mãe do garoto também foi indiciada pela Polícia Civil por tortura imprópria, uma vez que teria corroborado com a versão de Jairinho, omitido informações, além de não ter protegido o filho.

“Não é plausível o relato de que ele [filho de Débora] teria se machucado ao descer sozinho do veículo. Isto porque, à época, (…) tinha aproximadamente 3 anos de idade e, no momento dos fatos, estava sob a guarda e cuidados de Jairinho, no banco de trás do veículo, e este deveria tê-lo retirado do automóvel em segurança.”

Débora também relatou à polícia três situações em que foi agredida pelo ex-namorado. Em duas delas, as agressões foram motivadas pelo medo que o o vereador sentia de a então namorada  transferir conteúdos de seu celular para o dela.

“Questionei as conversas que ele mantinha com a ex-muher e ele ficou transtornado, segurou meus braços, tomando o telefone celular para verificar se ela havia encaminhado algum conteúdo do telefone dele para o meu telefone”, lembrou.

Ao ver que nada havia sido encaminhado, Jairinho segurou o pescoço de Débora com as duas mãos, jogou-a no sofá e começou a sufocá-la. No dia seguinte, tentou conversar com o vereador sobre o episódio, mas ele afirmava que ela estava maluca e que isso não havia acontecido, comportamento nas outras vezes.

“Em uma outra ocasião, no ano de 2020, a declarante foi com Jairinho para uma casa pertencente a ele, localizada em Mangaratiba e, após uma discussão, motivada pelo fato de a declarante não permitir que o ex-namorado mexesse em seu telefone celular, ele aplicou um mata-leão na declarante, e saiu arrastando-a na parte externa da casa. Ela conseguiu se desvencilhar e tentou entrar em seu veículo, mas ele a alcançou novamente e aplicou novamente um mata-leão. Ele deu três mordidas na cabeça da declarante, a soltou e disse: “vamos subir para o quarto”, como se nada tivesse acontecido”, diz o relatório.

Entenda o caso

A rotina de agressões de Jairinho contra crianças, em especial aos filhos das ex-namoradas foi revelada após a morte do Henry Borel, de 4 anos, no dia 8 de março. Um mês depois, Jairinho e a mãe do menino, Monique Medeiros, foram presos e respondem por tortura e homicídio qualificado pela morte do garoto.

O casal negou envolvimento no crime e alegou acidente doméstico. Mas laudos revelaram que o menino morreu por agressões que causaram 23 lesões.

De acordo com as investigações, Jairinho dava bandas, chutes e pancadas na cabeça do menino. O vereador, Monique e a babá de Henry teriam mentido quando disseram que a relação da família era harmoniosa.

Já na prisão, Monique e Jairinho, que eram defendidos por André Barreto, contrataram novos advogados. A defesa de Monique pediu novo interrogatório, mas os investigadores não acharam importante para mudar o rumo do caso.

 

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