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Relação dos assassinos de Ariane envolve paixão, fuga e jogo de influência

Suspeitos de terem matado jovem de 18 anos em Goiânia têm diferentes aspectos de aproximação. Jeferson teria conhecido garotas há dois meses

atualizado

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suspeitos pela morte de ariane bárbara laureano, em goiânia
1 de 1 suspeitos pela morte de ariane bárbara laureano, em goiânia - Foto: Divulgação/PCGO

Goiânia – A relação e a aproximação dos quatro jovens suspeitos de terem matado Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, na capital goiana, sendo um deles uma adolescente de 16 anos, é embasada em uma série de aspectos que podem ter influenciado no desencadeamento do crime.

A investigação do delegado Marcos de Oliveira Gomes, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), tenta descobrir mais detalhes sobre as circunstâncias do assassinato, a partir dos elementos que uniram os quatro jovens em torno do propósito comum de planejar, escolher a vítima e matá-la.

O histórico levantado das relações entre eles, até então, já sugere questões, como: paixão, depressão, fugas, aproximação recente, no caso do rapaz preso, e jogo de influência e provação, entre duas das envolvidas. Detalhar esses aspectos tornou-se relevante, no sentido de delimitar a participação de cada um e averiguar a narrativa apresentada por eles. Uma narrativa, inclusive, que chocou o Brasil, nos últimos dias.

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Ariane Bárbara chegou a mandar áudio para a mãe e foi encontrada morta no dia 31/8, em uma área de mata, em Goiânia
Cadáver foi localizado no mesmo bairro em que garota disse que ia com as amigas
Corpo de Ariane foi identificado pela impressão digital
"Mainha vou sair. Volto ainda hoje, tá?", escreveu Ariane, às 19h49 dia 24/8, ao sair de casa
Mensagens da mãe, preocupada, sem notícia da filha, até a manhã do dia seguinte (25/8)
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Ariane Bárbara tinha 18 anos e foi assassinada por pessoas que se diziam amigas

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Ariane Bárbara chegou a mandar áudio para a mãe e foi encontrada morta no dia 31/8, em uma área de mata, em Goiânia

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Cadáver foi localizado no mesmo bairro em que garota disse que ia com as amigas

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Corpo de Ariane foi identificado pela impressão digital

Instituto de Identificação de Goiás
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"Mainha vou sair. Volto ainda hoje, tá?", escreveu Ariane, às 19h49 dia 24/8, ao sair de casa

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Mensagens da mãe, preocupada, sem notícia da filha, até a manhã do dia seguinte (25/8)

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Ariane e a mãe tinham relação próxima e faziam questão de dizer que se amavam sempre

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Ariane e a mãe, a cabeleireira Eliane Laureano, de 36 anos

Arquivo Pessoal
Psicopata?

Ariane foi vítima de uma emboscada planejada pelos quatro, que se diziam amigos dela, até então. Ela teria sido assassinada, segundo a polícia, porque uma das envolvidas no crime desejava se testar e saber se era ou não psicopata. A jovem queria saber como reagiria, após matar alguém e se ela desenvolveria algum remorso.

A investigação não descarta essa motivação, pelo contrário. Ela é mantida, mas com um elemento a mais. Teria surgido por parte dessa suspeita, Raíssa Nunes Borges, de 19 anos, a necessidade de se provar para outra envolvida no caso: a adolescente de 16 anos. Conforme o que foi dito ao delegado pelos investigados, apesar de elas não terem uma relação amorosa, existiria certo sentimento de paixão por parte de Raíssa, em relação à menor.

As duas se conhecem há bastante tempo e são da mesma cidade – Pires do Rio, a 142 quilômetros de Goiânia. A participação de Raíssa, conforme amigos e pessoas do município ouvidas pelo Metrópoles, chocou muita gente. Ninguém esperava isso dela. Já a da menor, cujo histórico de vida é atribulado, com rotina problemática em casa, registros de fuga e desaparecimentos, soou natural aos ouvidos da maioria.

Jogo de influência e registro de desaparecimento

Amigos próximos das duas relataram à reportagem que a adolescente sabia do sentimento de Raíssa por ela e que se aproveitava disso para influenciá-la. “Elas tinham um plano antigo de fugirem juntas para São Paulo”, disse ao Metrópoles um amigo em comum das duas jovens, que pediu para não ser identificado.

Entre o dia do assassinato (24/8) e o desfecho do caso, com a apresentação da identidade dos suspeitos, na quarta-feira (15/9), as duas chegaram a viajar juntas, de acordo com o delegado, para Caldas Novas e, em seguida, para Pires do Rio.

Nos últimos meses, a menor estava vivendo longe dos pais e sozinha em Goiânia. Havia, inclusive, um registro em aberto de desaparecimento dela no Conselho Tutelar, feito pela mãe. A polícia descobriu isso no dia em que fez a apreensão da adolescente.

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Imagem registrada pela polícia no quarto da Raíssa Nunes Borges
Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 22 anos, preso por participação no assassinato de Ariane Bárbara Laureano, em Goiânia
Roupas de Jeferson e a faca utilizada no crime
Veículo utilizado no assassinato de Ariane Bárbara Laureano, em Goiânia
Enzo Jacomini Carneiro Matos, que se apresenta como Freya, e tem 18 anos
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Raíssa Nunes Borges, de 19 anos, presa por participação na morte de Ariane

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Imagem registrada pela polícia no quarto da Raíssa Nunes Borges

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Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 22 anos, preso por participação no assassinato de Ariane Bárbara Laureano, em Goiânia

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Roupas de Jeferson e a faca utilizada no crime

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Veículo utilizado no assassinato de Ariane Bárbara Laureano, em Goiânia

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Enzo Jacomini Carneiro Matos, que se apresenta como Freya, e tem 18 anos

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Visitas frequentes

Raíssa seguia morando em Pires do Rio, mas visitava com frequência a capital para ver a adolescente, e acabou fazendo novos amigos longe de casa.

Foi nesse processo de idas e vindas que elas se aproximaram e conheceram os outros dois presos pela morte de Ariane: Enzo Jacomini Carneiro Matos, que é uma menina transexual que se apresenta como Freya, de 18 anos, e Jeferson Cavalcante Rodrigues, 22.

Eles frequentavam os mesmos lugares, principalmente a pista de skate do Setor Coimbra, onde a vítima, Ariane, também ia e já tinha sido vista andando  por lá, acompanhada por Freya e pela adolescente de 16 anos.

“Elas (Ariane e a adolescente) tratavam a Freya como uma irmã”, relata a mãe da vítima, a cabeleireira Eliane Laureano, de 35 anos.

Persuasão da adolescente

O poder de convencimento e persuasão da adolescente apreendida chamou a atenção dos investigadores. Ela, que chegou a enviar mensagens para a mãe de Ariane pedindo perdão e relatando como o crime teria ocorrido, é descrita como inteligente, esperta, fria e de pensamento rápido.

“Ela é um dos envolvidos que não demonstrou arrependimento”, diz o delegado.

A vida longe da família, viajando de cidade em cidade, fazendo amizades e conseguindo se manter, em muito, pelo poder de convencimento, pedindo dinheiro aos amigos, teria realçado essas características ao longo do tempo.

Aos 10 anos, conforme o relatado à polícia, a adolescente tentou fugir de casa pela primeira vez. A relação com a mãe e com o pai nunca foi boa, segundo pessoas que a conhecem.

O relato dela à polícia foi tranquilo, sem expressão de nervosismo, ao contrário de Raíssa, que estava bastante nervosa.

O delegado Marcos de Oliveira disse ao Metrópoles nessa sexta-feira (17/9) que pretendia interrogar Raíssa, novamente, para tentar descobrir mais detalhes sobre a motivação e se houve ou não por parte dela necessidade de impressionar a adolescente.

Último áudio enviado por Ariane à mãe:

Enforcamento e facadas

A vítima, Ariane, foi enforcada dentro do carro e ficou desacordada, sendo atingida, em seguida, por três facadas, conforme o apurado pela polícia.

O delegado acredita, até então, que duas dessas facadas foram dadas por Raíssa e a terceira pela menor, que disse em mensagem para a mãe de Ariane que não havia feito nada, somente assistido o que aconteceu.

O crime foi muito bem planejado. De uma lista de nomes, contendo três possíveis vítimas, até sacos de lixo forrando o porta-malas do carro para colocar o corpo da pessoa morta, tudo foi, minuciosamente, pensado.

Os envolvidos decidiram até os sinais que seriam dados dentro do carro para iniciar o assassinato de Ariane: Jeferson, que conduzia o veículo, colocaria uma música específica de uma banda internacional e estalaria os dedos. Após a morte de Ariane, com as roupas ainda sujas de sangue, os quatro teriam ido lanchar nas imediações de um shopping de Goiânia.

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Ariane Bárbara, de 18 anos, era filha única
A mãe de Ariane, a cabeleireira Eliane Laureano, diz que a filha era amorosa e "iluminada"
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"Perdi meu tudo", diz mãe de Ariane Bárbara, assassinada em Goiânia

Arquivo Pessoal
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Ariane Bárbara, de 18 anos, era filha única

Arquivo Pessoal
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A mãe de Ariane, a cabeleireira Eliane Laureano, diz que a filha era amorosa e "iluminada"

Arquivo Pessoal
Relação recente e quadro de depressão

Jeferson teria sido o último a entrar para o grupo de “amigos”. Conforme o delegado, o rapaz conheceu as garotas há cerca de dois meses, apenas. À polícia foi relatado que ele teria quadro de depressão e estava com dificuldades de sair de casa, nas últimas semanas.

Foi com ele que a polícia encontrou uma das facas utilizadas no crime, assim como as roupas que ele teria vestido no dia do assassinato. Pelo carro do rapaz, também foram identificados resquícios de sangue de Ariane, segundo a polícia, o que foi confirmado pela perícia, posteriormente.

Freya, que chegou a entrar em contato com a mãe de Ariane no dia em que foi confirmado que o corpo encontrado na mata do Setor Jaó, bairro nobre de Goiânia, era da jovem, disse ao delegado que acreditava que tudo não passaria de uma brincadeira. Ela, no entanto, foi quem teria enforcado e deixado Ariane desacordada dentro do carro, antes da vítima receber as três facadas.

O inquérito do caso deve ser concluído dentro de 20 dias, conforme previsão do delegado Marcos de Oliveira Gomes. Ele aguarda, ainda, novos laudos e espera para fazer mais oitivas. Os presos estão detidos temporariamente na Delegacia de Capturas, em Goiânia. O delegado deve pedir, nos próximos dias, a renovação da prisão ou a conversão em prisão preventiva.

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