Reinaldo Azevedo pede demissão da Veja após PF grampear conversa dele
As conversas do colunista com Andrea Neves, irmã de Aécio Neves, foram grampeadas pela Polícia Federal
atualizado
Compartilhar notícia
Um dos principais colunistas da revista Veja, Reinaldo Azevedo anunciou sua demissão nesta terça-feira (23/5), após a Procuradoria-Geral da República (PGR) anexar uma conversa do jornalista com Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
A conversa, divulgada pelo site Buzzfeed, mostra a relação de proximidade e cordialidade entre os dois. Andrea já está presa, mas no momento da gravação ela ainda estava em liberdade e era grampeada pela Polícia Federal, que investigava a sua participação no esquema de propinas junto com o irmão.
Durante o diálogo, o colunista chama de “nojenta” uma matéria de Veja sobre Aécio e critica o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O bate-papo entre os dois foi flagrado no auge do escândalo causado após o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgar os inquéritos relativos às delações da Odebrecht.Reinaldo Azevedo se posicionou sobre o assunto e diz que seu direito constitucional de sigilo da fonte foi ferido. “Em qualquer democracia do mundo, a divulgação da conversa de um jornalista com sua fonte seria considerado um escândalo. Por aqui, não”, escreveu o jornalista em nota. Ele acrescentou ainda que é possível que seu blog continue, mas hospedado em outro endereço que ele vai divulgar quando decidir.
Leia as conversas que foram anexadas ao processo.
Andrea Neves – Agora, que está acontecendo na Veja, o que o pessoal fez…
Reinaldo Azevedo – Ah, eu vi. É nojento, nojento. Eu vi.
Andrea Neves – Assinaram todos os jornalistas e vão pegar a loucura desse cara para esquentar a maluquice contra mim.
Reinaldo Azevedo – Tanto é que logo no primeiro parágrafo, a Veja publicou no começo de abril que não sei o que, na conta de Andrea Neves. Como se o depoimento do cara endossasse isso. E ele não fala isso.
Andrea Neves – Como se agora tivesse uma coleção de contas lá fora e a minha é uma delas.
Reinaldo Azevedo – Eu vou ter de entrar nessa história porque já haviam me enchido o saco. Vou entrar evidentemente com o meu texto e não com o deles. Pergunto: essas questões que você levantou para mim, posso colocar como se fosse resposta do Aécio?
Andrea Neves – Nós mandamos agora para a Veja uma nota para botar nessa matéria.
Reinaldo Azevedo – Não quer mandar para mim também?
Andrea Neves – Mando.
Em outro momento Andrea e Reinaldo criticam a cobertura da revista em relação a Lava Jato.
Andrea Neves – Você tem vários casos, todos juntados. Como eles queriam que o Aécio aparecesse como campeão de inquéritos…
Reinaldo Azevedo – Sim, esse era o objetivo.
Andrea Neves – […] É inacreditável, é uma covardia.
Reinaldo Azevedo – […] É incrível, a Odebrecht agora virou a grande selecionadora de quem sobrevive e morre na política. A Odebrecht nunca teve tanto poder. É asqueroso. Me manda esse levantamento, me interessa, sim.
Neste trecho a parte em que Reinaldo Azevedo critica a atuação de Janot.
Reinaldo Azevedo – A gente precisa ter elementos objetivos de um certo senhor mineiro aí, cuidando da candidatura dele ou à presidência ou ao governo do Estado.
Andrea Neves – Como assim?
Reinaldo Azevedo – O nosso procurador-geral.
Andrea Neves – Você está achando?
Reinaldo Azevedo – Ôxi.. fiquei sabendo que está tendo conversas. Eu só preciso ter gente que endosse isso de algum jeito. Ter um pouco mais de elementos concretos. Que ele está, está. Presidência talvez não, mas o governo de Minas, sim.